HOMENAGEM

Professor da Faculdade de Ciência da Informação, Antonio Lisboa Carvalho de Miranda recebe título de Emérito

Foto: Isa Lima/UnB Agência

 

Cercado de amigos, música e poesia, o professor da Faculdade de Ciência da Informação (FCI) Antonio Lisboa Carvalho de Miranda recebeu o título de Emérito da Universidade de Brasília (UnB). A cerimônia aconteceu na manhã desta quarta-feira (26) no auditório da Reitoria.

 

“Referência também como artista, o professor fez uma carreira brilhante”, disse o reitor Ivan Camargo. “Aqui estão todos os apaixonados pelos livros”, completou. Entre os presentes estavam o livreiro da UnB, o Chiquinho, e o arquiteto José Galbinski, autor do projeto da Biblioteca Central da universidade.

 

“Em Miranda, a alma do artista se confunde com a do cientista”, disse a diretora da FCI, Elmira Simeão, ao falar sobre a obra do professor, pesquisador, dramaturgo, poeta e escultor. “Imprevisível e polêmico, o artista é o homem da consciência integral, o arauto do porvir.”

 

A professora do Instituto de Letras da UnB Elga Laborde destacou a obra poética do homenageado. Entre uma referência e outra, trechos de poesias interpretadas pelo professor da FCI Carlos Juvêncio. “Com seu humor negro e visão desintegradora da realidade, Miranda segue uma linha autêntica de criação pessoal, sem limites morais e linguísticos”, elogiou. Acompanhada de violoncelo e piano, ela cantou poemas do autor.

 

“Estou emocionado, naturalmente”, disse Miranda, em agradecimento. E prosseguiu: “Deveria citar também os inimigos ausentes”, risos no auditório. “Os inimigos são importantes porque nos calibram. Gosto mais de críticas do que de elogios, mas lógico que estou mentindo”, gargalhada geral.

Foto: Isa Lima/UnB Agência

 

Em poucas frases, o maranhense recordou dos tempos de escola. “Na minha cidade, não havia bibliotecas”, disse. “Nunca fui um aluno regular, mas frequentava os livros.” Lembrou também de suas andanças pelo mundo. “Em minhas viagens, buscava gente mais do que lugares. Gostava mais dos museus do que dos bares.”

 

“Sou um pessimista ativo, sempre disposto a recomeçar”, emendou. “Não sou cristão, nem ateu, nem à toa. Sou um socialista utópico e um anarquista científico”, disse numa tentativa de se definir. “Tive de dizer tanto de mim e nem sei ainda quem sou.”

 

O professor encerrou sua fala com um de seus poemas, Antepasto:

 

Escrever é distanciar-se do mundo
para poder entendê-lo
é uma forma de morrer.

 

Viver é outra coisa
ainda que alienada.

 

Eu trocaria mil rimas
por uma noite de amor.

 

E trocaria um belo poema
sobre a fome
por um singelo prato de comida.

 

Também estiveram na solenidade, a vice-reitora Sônia Báo e o ex-diretor da BCE Renato Sousa.

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