A Universidade de Brasília se despede do professor Conrado Silva de Marco, pesquisador uruguaio pioneiro da Música Contemporânea e Eletroacústica. O professor faleceu na segunda-feira (6), em decorrência de parada cardíaca após uma cirurgia. Silva de Marco dedicou mais de três décadas de trabalho à UnB e havia se aposentado de forma compulsória pelo Instituto de Artes (Ida), em 2010.
Um dos pioneiros da UnB, Conrado Silva de Marco chegou à universidade em 1969 para integrar o quadro de docentes do Departamento de Música (MUS). Nos primeiros anos de trabalho, o engenheiro acústico criou a disciplina Oficina Básica de Música, ofertada a estudantes de todos os cursos. “A oficina tratava da musicalidade e estimulava os alunos a perceberem o som mesmo sem o domínio da linguagem musical”, explica Vadim da Costa Arsky, professor do MUS.
“Ele sempre foi um grande professor, muito paciente, gentil e cativador de seus alunos”, conta o professor Jorge Antunes, contemporâneo de Silva de Marco. Antunes e Conrado trabalharam juntos na UnB em 1973. A parceria durou pouco. Conrado foi demitido da universidade em 1976, pelo regime militar.
O professor foi morar em São Paulo e lecionou na Faculdade Santa Marcelina, onde montou um estúdio de música eletroacústica e composição. Somente na década de 90 o pesquisador foi readmitido pela UnB. “Na época da anistia vários professores foram readmitidos e voltamos a trabalhar juntos”, lembra Jorge Antunes.
Os docentes criaram o laboratório de música eletroacústica da UnB e mais tarde, em 1994, organizaram o primeiro Encontro Nacional de Eletroacústica. “Foi um momento muito importante, pois foi quando fundamos a Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica”, conta Antunes. Em 1997, os dois pesquisadores organizaram o segundo encontro, agora com abrangência internacional. “Trabalhamos juntos até a aposentadoria do professor Conrado. Foi uma parceria muito boa”, diz.