PRÊMIO

Projeto concorreu, no total, com cerca de mil propostas enviadas por universidades de 55 países. Recursos vão custear estudos de um aluno de mestrado

 

Júlio Minasi/Secom UnB

 

Três professores da Universidade de Brasília foram contemplados pelo Google Research Awards, prêmio da multinacional de serviços online e software dos Estados Unidos que visa identificar e apoiar pesquisas de ponta feitas por docentes e pesquisadores permanentes de todo o mundo em áreas de interesse mútuo.

Edson Mintsu Hung, Eduardo Peixoto e Bruno Macchiavello – os dois primeiros do departamento de Engenharia Elétrica e o último, de Ciência da Computação – foram os únicos brasileiros premiados neste ano nesta modalidade. Ao todo, houve 151 propostas vencedoras entre 950 apresentadas por 350 universidades oriundas de 55 países.

Eles apresentaram o projeto intitulado Improvement of wedge partition techniques used in VP10 Google’s Codec using a boundary based block partition, em que pretendem desenvolver algumas ferramentas para facilitar o download, o upload, o armazenamento e a transmissão de vídeos em celulares, tablets, computadores e smart TVs por meio do YouTube, Netflix, Amazon, entre outros programas que utilizam o codec da Google. Codec é como é chamado o dispositivo de hardware ou software que codifica e decodifica sinais para, por exemplo, transmitir um vídeo.

“Hoje todos conseguem gravar um vídeo no celular e postar. O que propomos é fazer isso de uma maneira que gaste menos banda, que utilize menos do pacote de dados do usuário”, explica o professor Edson Mintsu. Segundo ele, as ferramentas que os três irão desenvolver ficarão abertas, ou seja, não gerarão direitos autorais e poderão, portanto, ser utilizadas e modificadas por outras pessoas.

De acordo com o trio vencedor do Google Research Awards, 70% a 80% do tráfego de dados na internet são oriundos de vídeos. “Hoje em dia, a base de dados é enorme e essa é uma área muito competitiva. Então, qualquer ganho que as nossas ferramentas representem já será significativo”, estima o professor Eduardo Peixoto. A expectativa é que, até o final de 2016, a nova técnica gere algo em torno de 6% de ganho.

Os três docentes da UnB já trabalham juntos nessa área de pesquisa há cerca de dez anos e revelam que poucos alunos manifestam interesse por esse tipo de estudo, porque envolve muita matemática e muita programação. “Isso às vezes assusta os alunos, pois é comum que sejam bons em uma ou na outra”, avalia o professor Bruno Macchiavello.

“Mas estamos tentando ser um dos melhores grupos de codecs de vídeo no mundo e também melhorar nossos programas de pós-graduação. E projetos com essa visibilidade do Google Research Awards podem ajudar a atrair alunos para trabalhar na área”, acredita Macchiavello.

Com esse objetivo, os docentes decidiram que o prêmio que receberão – 15 mil dólares – será utilizado para custear publicações e os estudos de um aluno. O escolhido já faz parte do programa de mestrado em Engenharia Elétrica da UnB e começou as aulas neste semestre. “Ele já tinha até submetido proposta de projeto para outros programas de mestrado fora de Brasília. Um colega meu o indicou, conversei com ele e perguntei se tinha interesse no projeto da Google, e ele topou”, lembra Mintsu.

Ele ressalta que o prêmio da Google é interessante não só para o currículo dos envolvidos no projeto, mas também para a Universidade, que aumenta sua visibilidade ao ter as ferramentas desenvolvidas aqui utilizadas no mundo inteiro.

“Benefício financeiro não há, porque não há patenteamento – até pela natureza do projeto. Mas nossas ferramentas têm muito a contribuir em termos técnicos e de usabilidade, e poderão beneficiar pessoas que têm um plano de dados menor. Essas poderão assistir a uma maior quantidade de vídeos ou ter um melhor consumo dessas informações, ou seja, farão um uso melhor de banda”, finaliza o professor Mintsu.