MEIO AMBIENTE

Docentes e estudantes realizam pesquisas em Unidades de Conservação que irão subsidiar o trabalho do Instituto Brasília Ambiental

A cooperação é fruto da disciplina de Geografia Física Aplicada, que leva estudantes às Unidades de Conservação desde 2021 e já resultou em pesquisas de relevante interesse ambiental. Foto: Arquivo pessoal

 

A Universidade de Brasília e o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) celebraram, em julho, um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) impulsionando estudos que subsidiem a criação de Unidades de Conservação (UC) e o desenvolvimento ou atualização de Planos de Manejo (PM) no Distrito Federal. Inicialmente, o acordo terá duração de quatro anos.

 

“A ideia é prover aos gestores ao menos quatro relatórios, um por ano, contribuindo para a celeridade do processo de elaboração do Plano de Manejo pelo Ibram. Além da possibilidade de identificar áreas potenciais para a criação de novas UCs”, explica a professora do Departamento de Geografia (GEA) e coordenadora do projeto, Potira Hermuche.

 

Ela aponta que o número de relatórios pode ser maior, considerando que já estão em andamento estudos em seis unidades e o projeto prevê mais quatro anos de pesquisas. Desde a assinatura do acordo, a unidade em análise é o Parque Distrital dos Pequizeiros, em Planaltina. A cooperação também inclui os parques da Boca da Mata, das Garças e do Recanto das Emas, bem como no Centro Olímpico da UnB e na Área de Relevante Interesse Ecológico Dom Bosco (ARIE Dom Bosco).

 

A parceria promove o compartilhamento de conhecimentos científicos e a capacitação dos estudantes, por meio de visitas técnicas às unidades, onde eles podem obter dados do meio físico, biótico e socioeconômico. Participam da iniciativa mais de 50 discentes do curso de graduação em Geografia, de projetos de extensão, do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e da pós-graduação.

 

Também integram o acordo, professores pesquisadores do Laboratório de Sistemas de Informações Espaciais (LSIE), dos Departamentos de Geografia (GEA) e de Botânica (IB), do Instituto de Geociências (IG) e do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS).

 

Os resultados das pesquisas serão entregues ao Ibram, como forma de auxiliar a gestão das UCs, com base nos relatórios técnicos, nas propostas de zoneamento e nos programas de manejo. Em contrapartida, o Ibram fornecerá a infraestrutura de transporte, além do apoio dos técnicos do órgão, como forma de facilitar as pesquisas.

 

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A iniciativa contribuiu para a formação dos estudantes e amplia a compreensão sobre o campo de trabalho disponível para geógrafos. Foto: Arquivo pessoal

 

ACORDO – O processo que culminou no Acordo de Cooperação Técnica (ACT) teve início em 2021, quando ao ofertar a disciplina Geografia Física Aplicada, a docente Potira Hermuche decidiu trabalhar os conceitos da área com a expectativa de elaboração de um plano real.

 

“A intenção é mostrar o enorme campo de trabalho que existe para o geógrafo, muitas vezes desconhecido pelos discentes, que é o de estudos ambientais”, detalha Potira. “Nesse exercício prático os alunos são estimulados a trabalhar com ferramentas de geoprocessamento, elaboração de diversos mapas produzidos para a análise e zoneamento”, conta. 

 

Ela explica que a iniciativa culminou na elaboração do acordo, para que a UnB pudesse auxiliar o gestor das UCs, tendo em vista que quase metade delas não têm plano de gestão, instrumento obrigatório de acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). 

 

O discente Leandro Bruno participou dos estudos iniciais. "Gostei tanto que fiz a disciplina quatro vezes: como aluno, como ouvinte e como monitor. Fiz PIBIC nessa área e agora estou no mestrado, mas continuo no projeto", conta. 

 

"Toda vez que eu participo há algo diferente, porque em cada UC há um contexto, outro tipo de geologia, outro tipo de relevo. Isso faz a gente aprender bastante e sair mais preparado para o mercado de trabalho, para artigos e pesquisas", completa Leandro, que hoje pesquisa geoprocessamento aplicado à área de unidades de conservação. 

 

A disciplina acontece uma vez por ano e os alunos fazem o diagnóstico dos meios físico, biótico e socioeconômico, das propostas de zoneamento e programas de manejo preliminares de UCs, no primeiro semestre. Por meio da extensão, os que desejam continuar no segundo período, finalizam os estudos para elaboração do relatório final a ser entregue ao IBRAM.

 

"Eu entrei no começo de 2023 e a unidade do meu semestre foi o Parque dos Piquezeiros. Tivemos muita saída de campo, aulas sobre a região e os elementos que a envolvem", compartilha o formando Marcelo Luiz. Ele comenta que não tinha foco nessa área e nem sabia a importância do plano de manejo para as UCs. 

 

Para Marcelo, o projeto resultou em uma mudança de mentalidade que o fez expandiu seus horizontes sobre o futuro profissional. "Como profissional, tenho outra visão sobre para quê serve a geografia, os planos de manejo, diretor e mestre. Eu tinha uma visão de carreira profissional e acadêmica antes e tenho outra depois desse projeto", afirma.  

 

Ele pretende fazer mestrado na área e se diz empolgado com as possibilidades de trazer a sociedade para dentro das Unidades de Conservação. "Como futuros gestores, podemos fazer um plano que aproxime a sociedade e para que ela consiga utilizar as unidades sem danos à natureza, algo que vai beneficiá-la", comenta.

 

A principal entrada para participação dos estudantes no ACT é por meio da disciplina, mas também existem outras possibilidades. É o caso de projetos de extensão, PIBICs, trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses que envolvam essas temáticas. “Todos os trabalhos que tenham objetivos que atendam o ACT serão entregues formalmente ao órgão para auxiliá-los na gestão ambiental no DF”, afirma Potira.

 

Algumas atividades estão acontecendo no período das férias, como as relacionadas ao projeto de extensão Boca da Mata e a revisão dos relatórios feitos na disciplina por parte dos discentes. A disciplina Geografia Física Aplicada é ofertada anualmente para os discentes de graduação do curso de Geografia, sendo a próxima turma prevista para o primeiro semestre de 2024.

 

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