A Universidade de Brasília recebeu com grande tristeza a notícia da morte do professor Roberto Aureliano Salmeron, na última quarta-feira (17). O docente, vinculado à École Polytechnique, em Paris, na França, tinha 98 anos e faleceu em decorrência de complicações em uma cirurgia.

Salmeron, um físico extraordinário, fez parte da história da Universidade de Brasília. Em 1963, quando atuava no CERN, na Suíça, foi convidado a participar do projeto de criação da UnB, então um sonho concretizado por Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro. Ele se tornou docente da instituição em janeiro de 1964, sendo o fundador e primeiro diretor do Instituto de Física.

No final de 1965, deixou a Universidade. O físico foi um dos 223 docentes que pediram demissão de seus empregos quando o regime militar se tornou mais agressivo e passou a interferir no cotidiano da Universidade. O episódio foi resgatado pelo próprio Salmeron no livro A universidade interrompida: 1964-1965, publicado pela Editora UnB.

Em 19 de outubro de 2005, data em que recebeu o título de Doutor Honoris Causa da UnB – curiosamente, exatos 40 anos depois de ter deixado a UnB –, o professor Salmeron relembrou a demissão coletiva e a trajetória para a criação da Universidade, as inovações do projeto pedagógico de Anísio e a euforia presente na instituição, apesar do medo e da repressão.

"Havia na UnB um entusiasmo contagiante. Em todos as universidades e instituições em que trabalhei, em diversos países, nunca vi em lugar algum um entusiasmo como o que havia na Universidade de Brasília naqueles tempos", contou ele, no discurso feito na cerimônia de outorga do título.

Salmeron, que dá nome ao principal auditório da Faculdade de Tecnologia, foi um dos grandes defensores da ciência, da educação e do poder transformador do conhecimento. Seus ideais e ensinamentos, tão importantes no momento que vivemos, farão falta. Desejamos que a família e os amigos possam encontrar conforto.

Márcia Abrahão
Reitora

Enrique Huelva
Vice-reitor