ENCONTRO

Cerca de 150 trabalhos acadêmicos serão apresentados no evento, que segue até sexta-feira (7). Agenda cultural oferta filmes, mostras fotográficas e oficinas

Abertura do Fórum aconteceu na Faculdade de Ciências da Saúde (FS). Foto: Audrey Luiza/Secom UnB

 

Começou, nesta terça-feira (4), o II Fórum Internacional sobre a Amazônia (FIA). O evento reúne pesquisadores do país, lideranças sociais dos nove estados brasileiros da Amazônia Legal e representantes de Bolívia, Colômbia e Venezuela. Painéis, rodas de conversa, oficinas, mostras e exposições integram a programação, que segue até sexta-feira (7) e é aberta ao público.

 

A abertura do fórum foi marcada pelo pré-lançamento da série Floresta de Gente: Vivência Amazônica, produzida pela UnBTV. “Para além das grandes árvores, dos animais, do clima quente e úmido, a Amazônia é uma floresta de gente. São pessoas que moram na floresta, dependem dela para sobreviver e lutam para que ela seja preservada”, relata a jornalista da UnB Cleisyane Quintino. Por 20 dias, ela acompanhou o trabalho de campo de alunos e docentes da UnB na Amazônia. O lançamento completo do produto está previsto para setembro e poderá ser acompanhado pelos canais da UnBTV.

 

O primeiro dia do evento contou, ainda, com os painéis Amazônia num contexto global e Conflitos socioambientais na Amazônia. O debate reúne especialistas do Brasil e do exterior e pode ser acompanhado pela internet. A agenda cultural do evento traz exposições, filmes, sarau e feira de produtos da Amazônia. O fórum é organizado pelo Núcleo de Estudos Amazônicos, do Centro de Estudos Multidisciplinares da UnB (NEAz/Ceam).

 

O II FIA dá continuidade à primeira edição, ocorrida em junho de 2017. No evento serão apresentados cerca de 150 trabalhos científicos. O fórum visa debater a situação da Amazônia continental no contexto global; os conflitos socioambientais, que se intensificam no contexto atual da política ambiental, fundiária e indígena; e os desafios e alternativas para o desenvolvimento regional com conservação do meio natural e cuidados com os territórios de povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares.

 

DEFESA SOCIOAMBIENTAL – Integrante da comissão organizadora do evento, a docente Ana Paula Bastos, do Departamento de Gestão de Políticas Públicas da UnB, explica a importância do fórum. “Desde 2013, o desmatamento na Amazônia tem avançado como nunca antes. Isso significa não apenas a derrubada de árvores, mas o conflito social com os povos que moram na floresta." 

Na mesa de abertura, Kretã Kaingang (Apib) sentou-se ao lado da diretora da FAV, Simone Perecmanis. Foto: Audrey Luiza/Secom UnB

 

A docente acrescenta que os povos tradicionais dependem da floresta de pé para garantirem seu sustento. “São 20 milhões de pessoas que moram na floresta. Essa densidade demográfica pode parecer baixa para nós que moramos em prédios. Mas quem mora na floresta depende de um ambiente biodiverso para sobreviver e tirar seu sustento”, alerta a docente. "O mundo todo depende da floresta de pé”, acrescenta.

 

Representando a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) na mesa de abertura do encontro, o indígena Kretã Kaingang fez um resgate das lutas já enfrentadas pelos povos tradicionais.

 

“O momento que passamos hoje começou há 509 anos, com o desrespeito ao bioma Caatinga, seguindo para a Mata Atlântica e depois para o Pantanal. Todos esses biomas e seus povos foram atacados com o mesmo objetivo: expansão da agricultura."

 

Kretã Kaingang revelou sua preocupação com a Amazônia, hoje conhecida como última fronteira agrícola. “A resistência dos outros biomas e dos povos indígenas tardou o avanço do desmatamento na Amazônia. Agora sofremos esse ataque, além da mineração e dos grandes empreendimentos que são os próximos passos já anunciados", alertou. 

Tapi Yawalapiti viaja o mundo em defesa da Amazônia. "Sem floresta, não há vida." Foto: Audrey Luiza/Secom UnB

 

O indígena Tapi Yawalapiti, mestrando em Linguística pela UnB, acrescentou que os povos residentes da Amazônia se preocupam ao ver “a destruição da floresta, com rios cada vez mais baixos e com destruição de terras indígenas”.

 

Ele contou ter voltado de uma missão na Europa, que incluiu visita ao Papa Francisco e ao presidente francês Emmanuel Macron. “Pedimos às autoridades europeias que apoiem a preservação da floresta Amazônica. Precisamos proteger o futuro dos nossos filhos, porque sem água e sem floresta não há vida", alertou Yawalapiti.

 

Diretora do Ceam, a docente Maria Lucia Pinto Leal valorizou a iniciativa do NEAz, por dar "visibilidade à temática e atuar na construção de processos avançados de defesa da Amazônia e de seus povos". A abertura do fórum teve participação de representantes de movimentos sociais, de organizações não-governamentais e do parlamento. Os painéis acontecem acontecem na Faculdade de Ciências da Saúde (FS), campus Darcy Ribeiro.

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