Pesquisadores da Universidade de Califórnia em Davis (UC Davis) participaram, na última quarta-feira (11), de simpósio realizado na Faculdade de Ciências da Saúde (FS) da Universidade de Brasília. Os especialistas apresentaram pesquisas que perpassam diferentes áreas do conhecimento, em evento que marcou o início de negociações para formalizar acordo de cooperação entre as universidades.
“Docentes e estudantes da UnB puderam ter contato com convidados da UC Davis, especialistas em temáticas, como dermatologia, mudanças climáticas, agricultura, câncer, controle de arboviroses. Foi uma oportunidade para incrementar novas parcerias”, relata Laila Espindola, docente do curso de Farmácia e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Faculdade de Medicina (FM).
O simpósio foi promovido por esse programa de pós-graduação como parte de suas ações no edital Capes PrInt. O programa já realiza parcerias com a UC Davis em pesquisas de controle de arboviroses – doenças causadas pelos chamados arbovírus, que incluem vírus de dengue, zika, chikungunya e febre amarela. A proposta do evento foi aproximar as instituições para novas cooperações internacionais.
“Queremos formalizar um acordo de cooperação que amplie as possibilidades de parceria entre a UnB e a UC Davis”, propôs a decana de Pós-Graduação da UnB, Adalene Moreira, durante o simpósio. Ela destacou que a UnB é “a maior universidade do Centro-Oeste” e que os esforços em prol da internacionalização incluem “receber professores estrangeiros e enviar docentes para o exterior, com possibilidade para pós-doutorado e programa sanduíche para alunos de doutorado”.
A decana enfatizou as perspectivas de fortalecer a cooperação internacional por meio do edital Capes PrInt e mencionou o intercâmbio de professores e estudantes como ponto importante nesse esforço.
A proposta foi recebida com interesse pelos representantes da UC Davis. “A parceria com a professora Laila já está em andamento. O evento é um marco por abrir a possibilidade de um acordo que alcance mais pesquisadores de diferentes áreas das duas universidades”, avalia Walter Leal, docente na Faculdade de Ciências Biológicas da UC Davis.
Vice-reitor associado para programas acadêmicos da UC Davis, Michael Lazzara apresentou a instituição ao público e reforçou o interesse em “ter maior colaboração com a UnB”. Segundo ele, a UC Davis traçou “uma meta ambiciosa de fornecer a 100% dos seus estudantes uma experiência de ensino internacional ou intercultural”, o que pode favorecer cooperações e mobilidades internacionais para ambas universidades.
O ministro conselheiro interino na Embaixada dos Estados Unidos, Panfilio Marquez, participou de debate sobre internacionalização e afirmou que a “UnB tem sido uma parceira próxima da missão dos EUA no Brasil”, especialmente em alguns departamentos cujos cursos desfrutam de parcerias em andamento.
Marquez realçou que as parcerias tem o potencial de coordenar “pesquisas complementares e evitar pesquisas concorrentes, de modo que instituições de pesquisas não desperdicem esforços realizando o mesmo trabalho”. O representante dos EUA lembrou que isso contribui significativamente para o avanço da ciência.
Outros quatro especialistas da UC Davis participaram do simpósio, representando a Faculdade de Medicina, a Faculdade de Engenharia, a Faculdade de Ciências Biológicas e a Faculdade de Agricultura e Ciências Ambientais daquela instituição.
MEMÓRIA – Professor emérito da UnB, José Carmine Dianese assistiu ao evento e contribuiu com seu depoimento, que resgata a história entre as universidades. Dianese veio para a UnB em 1971, após ser o primeiro brasileiro a concluir pós-doutorado em Fitopatologia pela UC Davis. Entre 1972 e 1978, ele esteve à frente do Instituto de Ciências Biológicas (IB) da UnB, período em que organizou os núcleos que deram origem aos atuais departamentos de Fitopatologia e de Ecologia.
“Trouxe três colegas que se formaram comigo na UC Davis para compor o Núcleo de Fitopatologia. Em 1976 já tínhamos o mestrado credenciado na área. Temos toda uma história ligada a essa universidade", resgata o emérito. Sobre a formalização de acordo com a instituição estrangeira, ele garante: “é realmente uma parceria importante. Por conhecer a UC Davis, sei que estamos lidando com o pessoal de mais alto nível”.
PESQUISA EM ANDAMENTO – A parceria entre os departamentos representados pelos docentes Laila Espindola e Walter Leal já rende bons resultados, com intercâmbio acadêmico entre as instituições.
“Recentemente recebi uma estudante da UC Davis para fazer sua pesquisa de graduação em nosso laboratório. Em janeiro, enviaremos a doutoranda Raquel Silva para passar seis meses em Davis estudando com o professor Walter Leal e sua equipe. É importante quando essa troca acontece de ambos os lados”, avalia Espindola.
Após o treinamento no exterior, a doutoranda voltará ao país acompanhada do professor Leal. “Vamos montar aqui um equipamento igual ao utilizado em Davis. Isso é importante para que ela tenha condições de continuar a pesquisa e possa ensinar a técnica para outros estudantes da UnB”, acrescenta o especialista da UC Davis.
A coordenadora da pós-graduação da FM lembra que “dengue e zika são preocupações mundiais e, por isso, é preciso reunir forças e focar em um retorno rápido para a sociedade”. Ela comemora a relevante parceria entre as instituições. “O professor Leal é um dos maiores especialistas no mundo em pesquisas de repelentes e já realizou diversos trabalhos importantes no Brasil. Com certeza é uma cooperação importante para nós.”