
A guerra civil na Síria e as perspectivas de paz na região foram os temas da palestra de Álvaro Vasconcelos, pesquisador de política internacional e europeia, nessa segunda-feira (29). O evento ocorreu no auditório da Reitoria com a presença do embaixador da União Europeia, João Cravinho, e do diplomata Ronaldo Sardemberg.
O palestrante explicou que o conflito se tornou mundializado. Segundo ele, o principal motivo da guerra civil é a permanência ou não do ditador Bashar al-Assad no poder. No entanto, atualmente, a situação conta com influências da Rússia, China, Arábia Saudita, Irã, Turquia, Estados Unidos, França, Inglaterra e outros países.
Ainda assim, o pesquisador é otimista. “A paz na Síria é improvável. Porém, vivemos em um mundo improvável.Temos que pensar que é possível a paz naquele país”. Para ele, o Brasil pode ajudar numa possível resolução dos conflitos na região se aplicar a experiência de pacificação que as forças militares brasileiras obtiveram no Haiti.
A professora do Departamento de História Norma Breda explica a importância de trazer a discussão para a Universidade. “É um conflito que deixou cerca de 250 mil mortes e milhares de refugiados, segundo a ONU. Para muitos, é a pior crise desde a Segunda Guerra Mundial”.
Após as explicações e projeções de Vasconcelos, o auditório ficou aberto para perguntas dos estudantes, professores e personalidades presentes. O estudante George Rustom conta que a palestra esclareceu muitos pontos sobre o assunto. “Esse é um tema complicado porque existem muitos países envolvidos e várias frentes dentro da própria Síria. Estar aqui me tirou dúvidas e me permitiu tirar algumas conclusões”.
GUERRA CIVIL - Influenciado pela Primavera Árabe, o conflito sírio completa 5 anos em 15 de março. A guerra civil é um embate entre exército do governo do presidente Bashar al-Assad e opositores, que alegam buscar um sistema mais democrático para o país. A oposição se divide principalmente entre o Exército Sírio Livre e o movimento considerado terrorista pela ONU, Dash.
A guerra também envolve aspectos religiosos, em que as frentes seguem diferentes doutrinas islâmicas. O presidente Bashar al-Assad pertence à minoria étnico-religiosa alauíta, o Dash à doutrina sunita e o Exército Sírio Livre não tem doutrina definida.
Outros países se envolveram indiretamente no conflito: Estados Unidos, França, Inglaterra, Arábia Saudita e Turquia em apoio ao Exército Sírio Livre. Já Rússia, Irã e China se declaram favoráveis ao governo atual.
ÁLVARO DE VASCONCELOS - Fundador do Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais de Lisboa, o pesquisador português também já foi conselheiro especial de Defesa e Relações Internas para o governo de Portugal.
Álvaro é autor e coeditor de livros e artigos nas áreas de política de segurança e ordem mundial como The European Union, Mercosul and the New World Order e A European Strategy for the Mediterranean.
Atualmente, atua na coordenação da EuroMeSCo, rede euro-mediterrânea de pesquisa em política de segurança e internacional.