Para celebrar a obra de Miguel de Cervantes, o filólogo espanhol José Manuel Lucía Megías esteve nesta terça-feira (14) na UnB. Especialista em Cervantes, Megías falou sobre o homem por trás do mito em palestra no auditório da Reitoria.
“Por que conhecemos tão pouco o homem que criou o mito que está na cabeça de todos nós?”, indaga. Ele destaca o fato de que até mesmo a aparência física do escritor é desconhecida. “O homem por trás de Dom Quixote vai se construindo aos poucos.”
Megías diz que a vida de Cervantes tem duas fases marcantes. A primeira, em que ele usa a escrita para se afirmar profissionalmente, e a segunda, já mais próximo da morte, quando investe na realização de um verdadeiro projeto literário.
“Talvez porque as injustiças do mundo continuem sendo as mesmas, algumas obras transcendem o tempo”, disse o diretor do Instituto de Letras, Enrique Huelva. “Só a utopia pode desfazer esses entuertos, os desvios e desordens.”
"É preciso falar de Dom Quixote e de várias obras de Cervantes", disse o embaixador da Espanha, Manuel de La Câmara Hermoso, ao lembrar que Shakespeare e Cervantes, dois dos mais importantes escritores da literatura universal, morreram no mesmo ano.
"Mesmo sendo de classes sociais e mundos diferentes, os personagens de Cervantes dialogam. Isso é fundamental na obra dele. É possível fazer uma sociedade mais humana ao compreendermos o outro e aprendermos com quem pensa diferente de nós", completa Megías.
Estiveram presentes na palestra o senador e ex-reitor da UnB Cristovam Buarque, a secretária da SBPC no Distrito Federal, Lígia Pavan, a diretora da Editora UnB, Ana Maria Fernandes, entre outros.
O evento foi organizado pelo Núcleo de Estudos do Futuro da UnB (n.Futuros/Ceam) em parceria com a embaixada da Espanha.