A comunidade da Universidade de Brasília lotou o anfiteatro 10 do ICC, nesta quarta-feira (6), para assistir a uma apresentação sobre a situação orçamentária e financeira da instituição. A administração esclareceu informações relativas às receitas e despesas e falou sobre os indicadores acadêmicos da Universidade. Estudantes, professores e técnicos também tiveram a oportunidade de fazer perguntas e propor ações de mobilização.
“Mesmo que o assunto do orçamento esteja presente nos conselhos, nas câmaras e na imprensa, sabemos que boa parte da comunidade fica sem acesso aos dados. Por isso realizamos este evento”, explicou a reitora Márcia Abrahão na abertura da apresentação. Além dela, estavam presentes o vice-reitor, Enrique Huelva, e as decanas de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional, Denise Imbroisi, e de Administração, Maria Lucilia dos Santos.
Imbroisi mostrou em gráficos a queda de 42% do orçamento da UnB neste ano. “O orçamento é uma autorização para que a Universidade faça despesas e vemos que essa autorização, em 2016, era muito maior”, esclareceu. O cenário de redução orçamentária e o déficit previsto em quase cem milhões para este ano levaram a Câmara de Planejamento e Administração (Cplad) a aprovar, no primeiro semestre, reajustes nos contratos de prestação de serviços – hoje responsáveis por 75% do orçamento de manutenção da Universidade.
“Com os reajustes, nossa expectativa é economizar cerca de R$ 1,5 milhão por mês. Mas, mesmo assim, os contratos ainda representarão 146% do nosso orçamento para despesas de custeio”, contextualizou Denise. “Se não tivéssemos restos a pagar do ano passado, não teríamos conseguido passar do mês de junho. Agora, nosso desafio é chegar até outubro”, acrescentou.
A decana do DPO também detalhou à comunidade todos os esforços que vêm sendo feitos junto ao Ministério da Educação (MEC) para a recomposição do orçamento e para aumentar o limite de autorização para utilização dos recursos que a própria UnB arrecada. Também relatou que a instituição solicitou ao Ministério mudança de rubrica (destinação) de valores do orçamento para pagamento de despesas de custeio. “Infelizmente, pedimos o remanejamento de R$ 5 milhões que estavam previstos para investimentos. É lamentável que deixemos de investir na Universidade para pagar despesas de custeio”, disse.
A comunidade também foi atualizada em relação às dificuldades no setor financeiro da UnB, responsável pelo pagamento efetivo das despesas. “Estamos recebendo do MEC, em média, 60% do valor liquidado. Temos, então, que ratear o recurso, distribuir entre nossos fornecedores para tentar manter uma certa regularidade no pagamento das empresas com quem estabelecemos compromissos”, explicou a decana do DAF, Maria Lucilia.
PARTICIPAÇÃO – A estudante de Letras Sarah Lindalva elogiou a iniciativa e lembrou o quanto esse tipo de diálogo é importante para a comunidade como um todo. “O que ouvimos hoje contribuiu muito para o nosso esclarecimento. Penso que, agora, cabe à UnB convocar acadêmicos de outras instituições do Brasil para fazer uma defesa nacional das universidades”, sugeriu.
O servidor técnico Antônio Guedes lembrou do difícil cenário enfrentado pelos trabalhadores terceirizados da UnB. “É muito importante que façamos uma discussão política nesse momento. As consequências dos cortes terão uma resposta no futuro”, afirmou. Maurício Rocha, técnico que coordena a Diretoria de Segurança (Diseg/PRC), ressaltou a necessidade de mobilização. “Essa apresentação alerta a comunidade para a gravidade da situação. Temos, agora, que assumir esse quadro”, disse.
INDICADORES – Além de falar sobre dados orçamentários, a decana Denise Imbroisi apresentou os mais recentes resultados da UnB nos rankings e indicadores nacionais e internacionais. A compilação foi feita pela Diretoria de Avaliação e Informações Gerenciais, ligada ao Decanato de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional (DPO). “Embora tenhamos bons resultados, percebemos uma tendência de queda em muitos desses indicadores, o que nos acende uma luzinha amarela”, ponderou.
Entre as medidas planejadas pelo DPO para a melhoria desses números, estão a ação integrada com os outros decanatos e a implementação do programa Avalia UnB. “Queremos sentar com cada unidade acadêmica para analisar os resultados dos indicadores, prestar apoio técnico e ajudar a projetar medidas que melhorem o nosso desempenho”, exemplificou Denise.