Ivan Camargo
A semana que antecedeu as comemorações do Dia das Crianças e do Dia do Professor foi marcada por acontecimentos importantes para a literatura. No Brasil, o poeta maranhense Ferreira Gullar foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. É dele o pensamento de que “a gente faz poesia porque a vida não basta”. Interpreto o fazer do poeta como um trabalho que de fato transcende a natureza humana.
Mas poesia é também esforço e transpiração. Como tudo de valor, exige dedicação e comprometimento. Talento é uma graça. O resto é trabalho, trabalho e... trabalho. E o fruto desse trabalho precisa ser disseminado e incorporado no nosso cotidiano.
Em escala internacional, tivemos o anúncio do vencedor do Nobel de Literatura. O reconhecimento ao escritor Patrick Modiano consolida a França como recordista do prêmio. São nada menos que 15 franceses laureados. A América do Sul tem três na lista centenária. O Brasil, nem um. Critérios à parte, o desempenho do país europeu reflete a relação de seu povo com o livro. Há um sem número de livrarias espalhadas em território francês. As pessoas leem no metrô, nas praças, nos gramados. Leem à moda antiga e leem em dispositivos eletrônicos.
Precisamos estimular nossas crianças a aderirem esses hábitos. Não para a busca de prêmios, mas para aumentar o acesso ao conhecimento e aprimorar a capacidade de reflexão. Aguçar o pensamento crítico de nossos jovens é também missão dos professores e das instituições de ensino. Tenho feito uma cruzada pessoal enfatizando a importância da leitura no aprendizado e no desenvolvimento intelectual. Aceitei o desafio do Mapa do Buraco, manifesto liderado por jovens para diagnosticar e apontar soluções para a educação brasileira.
Um depoimento recente que chama atenção para o tema partiu da jovem paquistanesa Malala Yousafzai, vencedora do Nobel da Paz. “Uma criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo. Educação é a única solução", disse a menina de 17 anos, em discurso na ONU. A luta de Malala em defesa do acesso à educação representa uma súplica dos que chama de “crianças sem voz”. Com humildade e perseverança, ela mostra com uma clareza quase ingênua que os principais problemas de nossa sociedade só serão solucionados com mudanças profundas na educação.
Não pode ser em vão a proximidade das datas comemorativas da criança e do professor. O melhor presente que se pode dar a um jovem é um bom professor, aquele que desperta a curiosidade e faz pensar. O mestre que faz diferença sabe contar histórias e estimular a leitura. Pode ser orientador, amigo, confidente. Mas, acima de tudo, deve ser uma referência, um exemplo, alguém que pode ajudar a superar desafios, alcançar sonhos e conquistar o mundo.
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