OPINIÃO

Anelise Rizzolo de Oliveira Pinheiro é professora associada do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília. Integra o GT Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva da ABRASCO e é Pesquisadora Associada do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional - OPSAN/UnB. Mestra em Saúde Pública pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003). Doutora em Política Social pela Universidade de Brasília e possui pós-doutorado em Antropologia da Alimentação pelo ODELA - Observatório de La Alimentación da Universitat de Barcelona – Espanha.

Anelise Rizzolo

 

O Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável, tornou-se uma das garantias fundamentais do cidadão brasileiro, fruto de uma conquista social, após mais de uma década de tensões políticas entre Estado/Sociedade. No momento da pandemia do corona vírus, inúmeros problemas têm dificultado o acesso aos alimentos.

 

A sociedade vem gerando outras estratégias de acesso à alimentação saudável, como os grupos de consumo. Estes grupos reúnem famílias, amigos ou indivíduos que, em parceria com assentados da reforma agrária, povos originários e comunidades tradicionais, planejam e financiam, sistemas de produção de alimentos agroecológicos locais, de forma colaborativa, coletiva e solidária. Fortalecer estas aproximações em tempos de quarentena, pode ser uma alternativa saudável para a sociedade: coagricultores e agricultores e o meio ambiente.

 

Sabemos que o Estado não pode eximir-se da responsabilidade legal em garantir a alimentação à tod@s cidadão e cidadãs, prioritariamente às populações vulneráveis. O Programa de Aquisição de Alimentos, Programa de Alimentação Escolar, Cestas Emergenciais, Bancos de Alimentos, Restaurantes Populares, entre outros, são exemplos de importantes medidas para o provimento do DHAAS, que devem ser adaptadas às circunstâncias atuais, como a entrega de cestas ou “quentinhas” domiciliares. E assim, prefeituras e estados  também podem fortalecer as parcerias com o grupo indicado, para abastecer a rede de programas do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional e do Sistema Único da Assistência Social.

 

O Projeto de Extensão MultiplicaSSAN, que tem o objetivo de promover práticas pedagógicas pautadas na Educação Popular/Paulo Freire, atua junto ao assentamento Canaã em Brazlândia como parceiro na articulação campo/cidade, buscando fortalecer redes de abastecimento que organizem circuitos curtos de produção. Além disso, ele proporciona convívio, interação e compartilhamento de saberes entre campesinos, estudantes e sociedade, qualificando a compreensão da alimentação enquanto um direito e estimulando o acesso/consumo à alimentos agroecológicos e saudáveis.

 

É preciso aproveitar esse momento para reconhecer o impacto das escolhas alimentares sobre a saúde humana, ambiental e planetária, como: a iminente escassez dos recursos naturais como a água, o desmatamento das florestas, a poluição do ar e dos solos, o aumento de doenças crônicas provocadas pelo uso e consumo excessivo de agrotóxicos, alimentos transgênicos e ultraprocessados, o extermínio dos povos originários e suas práticas ancestrais de respeito e preservação da natureza, o acúmulo de lixo reciclável e não reciclável sem tratamento e reaproveitamento correto, entre outras questões ético - políticas que violam os direitos humanos, destroem a biodiversidade do meio ambiente e ameaçam nossa sobrevivência planetária.

 

A extensão universitária é um espaço importante no diálogo com a sociedade, frente às novas demandas, em consonância com uma ciência cidadã.

 

Parcerias para doações à populações vulneráveis na pandemia de COVID-19

Vaquinha Multirão Bem Viver

 

Grupos de consumo campo/cidade: 

@sociedadedobemviver 

CSA brasília 

 

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