OPINIÃO

Rodolfo Augusto Melo Ward de Oliveira é programador Visual da UnB. Doutorando em Artes Visuais e mestre em Arte Contemporânea pela linha de pesquisa, Arte e Tecnologia, da Universidade de Brasília - UnB (2019). Pós-Graduado em Relações Internacionais pelo Instituto de Relações Internacionais IREL/UnB (2020). Pós-Graduado em Análise Política e Políticas Públicas pelo Instituto de Ciência Política - IPOL/UnB (2018).

Rodolfo Ward

 

Para Debord (1997) vivemos em uma “sociedade do espetáculo”, onde a mercadoria e a aparência se tornaram mais valorizadas no contexto das relações sociais, tornando-se uma forma de relação social em que o ter e o aparentar ser suprem momentaneamente o viver, objetificando e artificializando as experiências, que deixam de ser vividas em sua essência. A imagem que o indivíduo tenta transmitir de si mesmo ou do modo de vida que vive ultrapassa a realidade e torna a imagem, a representação, uma nova realidade ficcional, ou seja, uma realidade construída por ficções. Debord (1997, p. 8) diz que “o espetáculo, compreendido na sua totalidade, é ao mesmo tempo o resultado e o projeto do modo de produção existente”. O espetáculo não é apenas um conjunto de imagens postadas ou compartilhadas nas plataformas de mídias sociais, ele está inserido no contexto das relações sociais contemporâneas, mediando as relações entre as pessoas por imagens, narrativas e enquadramentos. E esse espetáculo, essa atuação social, contribui para a criação da realidade coletiva nos dias atuais.

 

A sociedade vem passando por transmutações em todas as esferas de maneira muito rápida. Quando Debord (1997) analisa e explica a “sociedade do espetáculo”, ele está fazendo uma análise dos anos de 1960 e mesmo depois, no ano de 1988, e quando o autor faz uma nova avaliação sobre a sociedade espetacular, ainda é muito diferente da realidade que vivenciamos no ano de 2020. Vivemos a emergência de uma sociedade da imagem que hegemoniza a sociedade, refletindo a cultura atual e sedimentando o modelo econômico neoliberal.

 

Concordamos com Debord (1997), entretanto, na atualidade, as novas tecnologias se multiplicaram e multiplicaram o número de pessoas que tem acesso a essa metanarrativa de vida e principalmente o número de pessoas que participa das plataformas de mídias sociais. Esses prosumers tornam-se fixadores e mantenedores desse modo de vida pautado no espetáculo, no consumo, na ficção, e “tudo o que era vivido diretamente tornou-se representação” (DEBORD, 1997, p. 15). A maneira de se viver a vida é muito pessoal, mas, analisando por meio do pensamento de Debord, vemos constantemente a publicidade construir imagens dos produtos que serão consumidos. Nesse caso, a imagem torna-se mais que os próprios produtos, e as pessoas tornam-se também produtos que precisam ter uma boa imagem. Sendo assim, a imagem assume um papel de vida que carrega desejo e se sobrepõe à própria pessoa.

 

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