OPINIÃO

Gabriel Medina é professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília. Doutor em Ciências Naturais pela Universidade de Freiburg, na Alemanha.

Gabriel da Silva Medina

 

Brasil perde participação no agronegócio da soja.  

 

A participação das empresas brasileiras na cadeia produtiva da soja produzida no Brasil caiu de 40% em 2015 para 34,6% em 2020. Neste período, houve mudanças na participação dos grupos domésticos nos segmentos de sementes (de 16,5% para 8,7% do mercado), de fertilizantes (de 33,5% para 19,2%), de agrotóxicos (de 4,3% para 5,8%), de máquinas (de 1,9% para 0,2%) e de agroindústria (de 30,7% para 16,1%).

 

Grupos brasileiros têm baixa participação em segmentos de maior tecnologia e que melhor remuneram capital e trabalho. Segmentos como sementes, agrotóxicos e máquinas agrícolas são praticamente controlados por multinacionais estrangeiras. A participação doméstica segue concentrada no segmento de produção agrícola primária feita nas fazendas. Apenas no segmento de agrotóxicos houve aumento do market share de empresas brasileiras nos últimos cinco anos.

 

A ampliação da participação brasileira no agronegócio feito no Brasil requer uma política agroindustrial em favor dos empreendedores locais. Esta estratégia implica ir além da visão atual de competitividade baseada na expansão da produção agropecuária para novas fronteiras agrícolas pela redução do Custo Brasil. O futuro do agronegócio brasileiro passa pela construção de uma estratégia de integração do capital doméstico ao longo dos segmentos agroindustriais a montante e a jusante da produção agropecuária.

 

Os resultados do estudo estão disponíveis no artigo Economia do agronegócio no Brasil: Participação brasileira na cadeia produtiva da soja entre 2015 e 2020. O artigo é de autoria do professor Gabriel Medina que atua no Programa de Pós-graduação em Agronegócios (Propaga), da Universidade de Brasília (UnB). O artigo foi aprovado para publicação na revista científica Novos Cadernos NAEA.

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