Isabela Machado da Silva, Sílvia Renata Lordello e Larissa Polejack
Durante qualquer surto de doença infecciosa ou diante um desastre ou crise sanitária, as reações psicológicas da população desempenham um papel central para o desenvolvimento de estratégias tanto para evitar a propagação da doença quanto para mitigar o sofrimento emocional e o distúrbio social durante e após o surto. Apesar desse fato, normalmente não são fornecidos recursos suficientes para gerenciar ou atenuar os efeitos das pandemias na saúde mental e no bem-estar (Cullen et al., 2020).
A pandemia da covid-19 descortinou um cenário de inúmeras demandas de Saúde Mental, a partir dos traumas coletivos e impactos socioeconômicos vivenciados pela população (Silva et al., 2020a, 2020b). Desde o início da pandemia, a Organização Mundial da Saúde vem chamando a atenção dos países para a necessidade de desenvolver ações de promoção e de cuidado em saúde mental.
Embora o luto e a perda sejam fenômenos inerentes à existência humana, a forma trágica com que as mortes em decorrência da doença têm ocorrido no Brasil levou a Universidade de Brasília a desenvolver uma proposta de intervenção grupal, com vistas à elaboração de uma tecnologia social que pudesse representar um espaço recursivo para familiares que vivenciavam o luto de seus entes queridos. Este texto descreve o histórico desse trabalho pioneiro, que, em menos de um ano, foi adotado pelo SUS como estratégia de intervenção e tem servido de inspiração para outras Universidades, demonstrando impacto, alcance e uma avaliação extremamente positiva por seus usuários.
Grupo Vínculos e Reflexões: Uma proposta inicial de intervenção
Para contar esse projeto desde sua origem, é preciso voltar ao mês de junho de 2020, quando o Brasil ultrapassava a marca de 36.000 óbitos. O Subcomitê de Saúde Mental e Apoio Psicossocial (SSMAPPS) da Universidade de Brasília, à época vinculado ao Comitê Gestor do Plano de Contingência (Coes), desenvolveu várias ações de promoção da saúde mental, serviços de apoio psicossocial e articulação de redes e parcerias para o enfrentamento da pandemia. Conforme a situação epidemiológica se agravava a demanda para desenvolver um trabalho de apoio aos enlutados se tornou premente. A Diretoria de Atenção à Saúde Universitária (Dasu), por meio de sua diretora, a profa. dra. Larissa Polejack, organizou então a primeira oferta de grupos voltados a pessoas que perderam seus familiares para a covid-19. As profas. dras. Isabela Machado da Silva e Silvia Renata Lordello, do Departamento de Psicologia Clínica, assumiram a tarefa de elaborar um trabalho de intervenção terapêutica grupal breve voltado a pessoas que perderam familiares em função da covid-19.
A proposta inicial foi delineada pelas docentes em parceria com psicólogas alunas do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura (PPGPsiCC) e voluntárias, bem como uma estudante de graduação. Integraram a equipe, nesse primeiro momento, Aline Rose Pinho, Amanda Guedes Bueno, Bárbara Gomes Bezerra Fontoura, Clara Monteiro Azevedo, Dalyssa Gomes Santos, Débora Miúra, Júlia Gouveia de Mattos Leme e Maria Rafaela Bento.
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