OPINIÃO

Fernanda Natasha Bravo Cruz é professora do Departamento de Gestão de Políticas Públicas, diretora da ANEPCP e colíder do Laboratório de Pesquisas sobre Ação Pública para o Desenvolvimento Democrático (LAP2D). Doutora em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional pela Universidade de Brasília (UnB). Mestra em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Graduada em Relações Internacionais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp - Franca).

Fernanda Natasha Bravo Cruz 

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Os últimos anos marcam a intensificação de desafios sociais, econômicos, ambientais e sanitários. No Brasil, durante o exercício de um projeto político pouco afeito à ciência e à democracia, a pandemia de covid19 gerou efeitos mais trágicos que na maior parte do planeta. Tais efeitos vêm sendo fatores de mobilização social: do luto à luta tornou-se mote entre familiares e amigos de mais de 576 mil pessoas vitimadas pelo vírus. E a campanha pela vacinação, que não apresentou investimentos governamentais suficientes, teve alto engajamento nos feeds de redes sociais de milhões que fotografam seus cartões de vacinação e o recebimento de suas doses, encorajando a coletividade a não duvidar da vacina e colaborando para reverter o discurso da imunidade de rebanho.

 

Apesar do fôlego das iniciativas sociais, nosso país acirra ainda mais suas desigualdades: neste ano, alcançamos recorde histórico no índice de Gini: 0,674, contra o recorde anterior há um ano, de 0,642. Esse recorde vem acompanhado de outro: desde que se começou a medir a quantidade de famílias em situação de miséria em 2012, nunca tivemos tantas nesse patamar de vulnerabilidade – são mais de 14,5 milhões.

 

Voltamos para o Mapa da Fome e o governo brasileiro lida de modo frágil com políticas sociais, procura invisibilizar diferenças e interseccionalidades de raça, gênero e classe, fragiliza relações de trabalho, ignora violações de direitos humanos em presídios, repudia populações tradicionais e está longe de priorizar a viabilização de ações públicas suficientemente capazes de reversão das situações críticas.

 

Nesse contexto, que se soma a tantos outros desafios, importa compreender os problemas públicos, respeitar as lógicas e necessidades populacionais e saber lidar com a substancialidade da democracia de modo a produzir instrumentos e processos de gestão efetivos para intervir e resolver questões complexas.

 

O Campo de Públicas estabelece-se há mais de dez anos enquanto campo de conhecimentos autônomo e interdisciplinar, que compreende que as políticas e a gestão pública, em seus contornos tecnopolíticos, exigem republicanismo e dialogicidade para serem efetivas.

 

Milhares de gestores, analistas e políticos formam-se anualmente em cursos do Campo de Públicas e trazem consigo as competências e valores que nosso país anseia. É preciso, entretanto, que as instituições reconheçam a acolham esses profissionais.

 

Desde 2015, a Associação Nacional de Ensino e Pesquisa do Campo de Públicas (ANEPCP) atua nessa construção e, entre outras atividades, promove seu Encontro Nacional (ENEPCP). Desta vez, a temática do encontro é Sociedade, Estado e o Público: formação e ação por caminhos democráticos em contextos de crise.

 

A quarta edição do evento será realizada virtualmente de 30 de agosto a 03 de setembro e conta com oficinas, lançamentos de livros, sessões temáticas, conferências, mesas-redondas, mostra de desenvolvimento tecnológico e extensão inovadora, e o Prêmio Nacional Augusto Tavares, de Teses, Dissertações e TCCs do Campo de Públicas. Boa parte da programação estará aberta ao público no Canal do YouTube da ANEPCP.

 

O Encontro proporcionará reflexividade, articulação de redes e reconhecimento de experiências, argumentos e abordagens que incentivam capacidades de excelência científica e geração de incidência para trilharmos novos caminhos de desenvolvimento, pautados pelo bem-estar (ou, por que não, pelo bem-viver!).

 

Convidamos a comunidade acadêmica da UnB a dialogar e construir intensamente conosco, partilhando desse Encontro e dos propósitos coletivos de nosso Campo de Públicas. Saiba mais em: www.even3.com.br/enepcp2021

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