OPINIÃO

 

Santiago Gutierrez Saiz - Matrícula: 74/09915. É egresso-pioneiro do curso de Educação Física da UnB. Ingressou no 2º/1974, 2, formou-se no 2º/1978. Data da formatura: 04 de agosto de 1978.

Santiago Gutierrez Saiz

 

Como pioneiro de Brasília, imigrante espanhol, cheguei em 1960 na Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante e depois fui residir na cidade de Taguatinga em 1962. Era uma época muito difícil, pois o país nos anos 70 estava passando por uma crise social, política e cultural muito complicada. Na época, o vestibular era muito difícil, pouquíssimos alunos eram aprovados na UnB, a prova de vestibular durava sexta, sábado e domingo. Depois de aprovado, minha vida mudou como da água para o vinho.

 

No início era tudo novo, nunca tinha visto por igual, aquele gigante campus universitário em forma de “minhocão”, tudo em concreto aparente, as salas enormes para 150 alunos. A biblioteca gigante, a reitoria com rampas curvas da arquitetura de Oscar Niemeyer e Lucio Costa. Os jardins do “minhocão” eram maravilhosos, aquele maravilhoso RU (restaurante universitário), onde todos da universidade almoçavam e se conheciam melhor conversando, com uma comida de excelente qualidade, podendo repetir. Ir de um lugar para outro tinha que andar muito, pois tudo era distante, principalmente ir do “minhocão” para o departamento de Educação Física que ficava no Centro Olímpico (CO) e se falando também em outros departamentos que eram distantes.

 

A primeira vez que fui ao CO da UnB, fiquei estarrecido primeiro com o espaço enorme, o departamento todo em concreto aparente também, as duas pistas de atletismo com o piso de cobertura em hartru (pó de brita), o ginásio poliesportivo gigante, o vestiário também enorme, com chuveiros de água fria, a piscina olímpica juntamente com a piscina de saltos ornamentais, o dojô (local onde se pratica judô, caratê etc), as quadras de tênis onde dei os primeiros passos nesse esporte, e com tudo isso fiquei muitíssimo animado para realizar o curso em 4 anos, ficando na UnB o dia todo. Durante os anos que fiquei no CO foram muito gratificantes fazer parte da “família da UnB” e da “família da Educação Física do CO”, as pessoas eram muito afáveis e prestativas com os alunos, até hoje é para poucos fazer parte de um grupo muito seleto, de ser aprovado nessa universidade pública, uma das melhores do país.

 

Tive professores altamente qualificados, preparados para fornecer-me ética, conhecimento e preparação para a vida e para a profissão, que me incentivaram a trabalhar por 40 anos na profissão com carteira assinada. Era muito difícil ser aprovado na UnB naquela época, havia muitos candidatos e poucas vagas. Na Educação Física ingressavam 25 alunos por semestre e se formavam às vezes oito, 12. Em minha turma, por exemplo formaram-se sete. Manter-se lá dentro era muito difícil, pois o sistema era rígido, as disciplinas eram muito difíceis, tanto as disciplinas Biomédicas, Didático Pedagógicas quanto as disciplinas Esportivas. Era necessário manter uma Média Geral Acumulada (MGA) acima de cinco e, se duas vezes abaixo dela, era jubilado da universidade, então o difícil era primeiro entrar no curso, depois se manter no curso e mais difícil se formar. Eu sempre digo: quem entra na UnB sempre vai ter alguma dificuldade em algo, mesmo que seja o Albert Einstein. 

 

No CO, a convivência era muito boa entre os alunos do curso de Educação Física e, nos finais de semana, frequentavam professores que moravam na colina, os alunos dos alojamentos internos e demais alunos dos outros cursos da UnB. Era todo aquele complexo desportivo sendo usado por toda a comunidade estudantil, com muitos jogos dos principais desportos, como: futebol, atletismo, cross cerrado, handebol, voleibol, natação, tênis, basquetebol, capoeira, caratê, ginástica, ioga, barras fixas e pegar um sol para se bronzear.

 

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