OPINIÃO

Maria Emília Gonçalves Cunha é graduanda em Línguas Estrangeiras Aplicadas - Multilinguismo e Sociedade da Informação pela Universidade de Brasília. 

Maria Emília Gonçalves Cunha 

 

Partindo de um diálogo entre as áreas da Macroeconomia e do Multilinguismo, busco desenvolver uma discussão sobre os horizontes de possibilidades de trabalho para mulheres no mercado de trabalho geral, e mais especificamente, nos setores de tecnologia no Brasil. A Macroeconomia estuda e analisa o comportamento de grandes agregados, tais como: renda nacional e produtos, níveis de preços totais, emprego e desemprego e estoque de moeda e taxas de juros, balanço de pagamentos e câmbio (Garcia e Vasconcellos, 2002). O Multilinguismo, por sua vez, se refere à capacidade de dominar múltiplas línguas, um fenômeno social motivado pelas necessidades da globalização (McVAUGH, 2016).


No Brasil, os estudos sobre o mercado de trabalho referentes à categoria de gênero têm revelado um cenário caracterizado pela permanência de desigualdades entre homens e mulheres no espaço público, evidenciado na remuneração, no acesso a cargos de prestígio e a determinadas ocupações. De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2018, as mulheres ainda ganham menos do que os homens no mundo do trabalho.


A desigualdade de gênero é um fenômeno social e cultural, em que ocorre a discriminação entre pessoas devido ao seu gênero. Este estudo se concentra na perspectiva binária de gênero: homem e mulher, embora reconheça a importância de se levar em consideração os demais gêneros, como mulheres trans e travesti, entre outros. Desafortunadamente, em função da invisibilidade desses outros gêneros no mercado de trabalho, decidi concentrar, por ora, na perspectiva binária. O contexto de desigualdade entre homens e mulheres é histórico, e seu impacto pode ser notado em diferentes planos: trabalhista, social, familiar, e assim por diante.


Quanto à desigualdade de gênero no Brasil, em 2018, o país ocupava 95º lugar num ranking elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, exposto na página da Fundação Tide Setubal, que analisou 144 países. Segundo a historiadora norte-americana Joan Scott (1989), a desigualdade de gênero se dá por fatores como símbolos culturais e conceitos normativos da sociedade, transmitidos por meio da educação e enraizados pela política. A desigualdade de gênero continua a ser um dos desafios mais urgentes que o mundo do trabalho enfrenta. As mulheres são substancialmente menos propensas do que os homens a participar desse espaço e, uma vez nesse espaço, elas têm menor probabilidade do que os homens de conseguir as vagas mais prestigiadas.


Em 2013, a Comissão de Estatística das Nações Unidas (United Nations Statistical Commission) organizou o Conjunto Mínimo de Indicadores de Gênero - CMIG (Minimum Set of Gender Indicators - MSGI), constituído por 63 indicadores, que refletem o esforço de sistematização de informações destinadas à produção nacional e à harmonização internacional de estatísticas de países e regiões relativamente à igualdade de gênero e ao empoderamento feminino. Assim, sendo responsável pelas estatísticas oficiais brasileiras, o IBGE, com a divulgação do relatório de pesquisa Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, enfatiza a importância de desenvolver indicadores de gênero com duplo objetivo: enriquecer o debate, proporcionando informações destacadas sobre o tema, e confirmar a total relevância de se manter uma agenda pública permanente, que tenha a igualdade de gênero como um dos eixos estruturantes das políticas públicas nacionais.

 

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