OPINIÃO

Bernardo Mueller é graduado em Economia pela Universidade de Brasília, mestre em Economics System - Universidade de Illinois e doutorado em Economia - Universidade de  Illinois. Atualmente é professor da Universidade de Brasília, pesquisador do Centro a Estudos em Economia, Meio Ambiente e Agricultura, pesquisador - Economics and Politics Research Group. 

Bernardo Mueller

 

Neste momento em que celebramos os Prata da casa, podemos perguntar o que é um Prata de Casa, e qual o seu papel em uma universidade como a UnB?


Um Prata da Casa é alguém que trabalha aqui há pelo menos 25 anos. São pessoas que viveram e conhecem bem as mudanças pelas quais a UnB passou neste quarto de século.


Ponham-se no lugar de um professor, aluno ou funcionário recém-chegado à UnB. Eles vivem o dia a dia, mas não tem uma noção de como a UnB veio a ser o que atualmente é. Eles não têm uma noção do que é novo e recente, e do que já é assim a muito tempo.
Já o Prata da Casa passou por estas mudanças pessoalmente e tem, portanto, um profundo conhecimento de como foi este processo e de qual o significado de cada elemento que compõe a Universidade hoje.


Vejamos alguns destes elementos. Alguns são mudanças ou persistências boas, e outros nem tanto. Alguns são trivialidades ou mera reminiscência, já outros são mais profundas e de grande impacto.


Para um exemplo de algo que quase não mudou nestes 25 anos ou mais, dê uma caminhada no subsolo do minhocão. Tem quase que exatamente a mesma vibe que sempre teve, sombria e meio misteriosa. Outra coisa que não mudou é a torta de banana do restaurante natural neste subsolo.


Por outro lado, um aluno, professor ou funcionário novato dificilmente terá noção de quantas coisas mudaram ali no minhocão. Que este prédio antes abrigava quase todos os departamentos e institutos que agora estão espalhados por um campus irreconhecivelmente maior. Que as paredes do minhocão eram todas cobertas por tiras de papel com as notas das provas e as menções das disciplinas feito bandeirolas de festa junina. Que o estacionamento norte do minhocão tinha só a metade do tamanho que tem hoje, sendo a parte de trás um gramado com árvores. Que a biblioteca não era tomada por concurseiros.


Com certeza cada Prata da Casa aqui poderia lembrar de outros elementos que mudaram nestes 25 anos, e que surpreenderiam um recém-chegado. E provavelmente cada um teria sua própria opinião se estas mudanças foram boas ou ruins. Eu lembro, por exemplo, de um período em que greves pareciam fazer parte do dia a dia, de ter que acabar as aulas antes que os tambores chegassem à sala. Lembro também que a UnB à noite era vazia, escura e desolada. Muito diferente do campus noturno hoje que vibra e pulsa com atividade.


Quase sem percebemos, nestes 25 anos, UnB quase triplicou de tamanho em termos de população, crescendo 178%, enquanto o Brasil como um todo cresceu somente 28%. Eu lembro como minha turma de Formação Econômica do Brasil passou de uns 15 alunos em uma pequena sala para mais de 80 alunos em anfiteatros.

 

Claramente, este tipo de mudança trás coisas boas e coisas ruins, como qualquer processo de crescimento. Um coisa ruim é que não tem onde estacionar. Uma coisa boa, por outro lado, foi uma mudança concomitante da composição do alunato, cada vez mais diverso e representativo do Brasil como um todo. Hoje, a sensação ao andar pelos corredores da UnB é muito diferente do que antes, não só pela quantidade de pessoas, como pelo zeitgeist que essa diversidade confere. E a meu ver esta é uma mudança que fortalece muito a Universidade.

 

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