OPINIÃO

Aldo Paviani  é geógrafo e professor emérito da Universidade de Brasília, membro da Associação Nacional de Escritores (ANE) e do Instituto Histórico Geográfico do DF (IHG.DF) e do Núcleo do Futuro da UnB/Ceam. Doutor pela Universidade Federal de Minas Gerais.

Aldo Paviani

 

O Núcleo do Futuro do Centro de Estudos Avançados da UnB desenvolve programas e entrevistas sob a denominação 2022 e 2030, o Brasil e o mundo que queremos, coordenado pelo professor Isaac Roitman. O título indica um desejo, mas, provavelmente, as aspirações não serão as que se concretizarão. E por que não se chegará à realidade desejada? Há diversas respostas, que podem variar conforme o âmbito em que o observador está. Por exemplo, o Brasil que queremos para um médico é aquele em que a saúde pública se tornou acessível para a maior parte da população; se for um economista ou geógrafo, o Brasil que queremos é aquele em que há acesso aos bens essenciais e às atividades econômicas e sociais para tornar possível o trabalho humano remunerado. Se for um engenheiro civil, há indicações de que ele queira um país em que as famílias consigam ter acesso à habitação compatível e bem localizada em relação às fontes de emprego ou que haverá pontes para ultrapassar rios e lagos.


Todavia, sempre há percalços, entraves ou circunstâncias que poderão barrar as aspirações desejadas. A pandemia de covid-19 talvez seja a mais pesada como entrave à mobilidade das pessoas, pois não se pode ir a certos eventos para evitar aglomerações, como é recomendado pela medicina e pela ciência. Há que usar máscara e ter por perto frasco de álcool em gel para higienizar as mãos e braços. Outros problemas, embora pontuais, trazem impedimentos à circulação como os que ocorreram em Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro com chuvas torrenciais, alagamento de cidades e bloqueio em estradas importantes para o abastecimento da população, com deslizamento do solo. Igualmente, a queda de barreiras em estradas causou estragos no asfalto e ao meio ambiente.


Há ainda a necessidade de investimentos governamentais para ampliar ferrovias e rodovias para que as pessoas e bens possam circular de norte a sul e leste a oeste, em razão das dimensões continentais do Brasil. Os transportes públicos não estão devidamente dimensionados para vencer as distâncias entre um estado e outro e entre uma região e outra. Daí, ser procedente a demanda recente de Wesley Ferro Nogueira de que "o transporte público precisa de uma ação coordenada". Para esse fim, o economista divulga a ideia, de todo pertinente, de que a "pandemia trouxe para a discussão a possibilidade do escalonamento do horário de funcionamento das atividades econômicas dentro da cidade, como estratégia de combate aos riscos de contaminação que também reduziria a pressão da demanda sobre o transporte público nos horários de pico do sistema, racionalizando a ocupação ao longo do período, mas nem na grave crise sanitária essa proposta conseguiu avançar por causa das grandes resistências de empregadores de mão de obra".

 

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Publicado originalmente no Correio Braziliense em 17/01/2022.

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