OPINIÃO

 

 

Lia Zanotta Machado é professora Emérita da Universidade de Brasília, titular do Departamento de Antropologia da UnB. Pesquisadora do NEPeM/UnB. Doutora em Sociologia pela Universidade de São Paulo. Possui pós-doutorado em Antropologia na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS) em Paris. Foi Conselheira do Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres, presidente da Associação Brasileira de Antropologia. Autora de: Estado, Escola e Ideologia. Desafios Institucionais no Combate à Violência contra a Mulher na América Latina e Caribe. Feminismo em Movimento. Coorganizadora de Antropologia e Direitos Humanos 4 e A Cidade e o Medo. 

Lia Zanotta Machado

 

Sinto-me honrada de ter sido convidada para realizar esta conferência e este diálogo com todas, todos e todes vocês que me ouvem neste dia 8 de março que se comemora o Dia Internacional da Mulher e neste ano em que se comemoram os 60 anos da Universidade de Brasília. Sou antropóloga e feminista.


Participei de larga parcela da história dos 60 anos da UnB. Vim para a UnB em setembro de 1977 como professora colaboradora no Departamento de Ciências Sociais. Em 1986 criamos_ duas professoras da antropologia, Mireya Suarez e eu, duas professoras do Instituto de Letras; Lucia Sanders e Ana Vicentini e uma professora de Biologia, Doris Santos de Faria _o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (NEPeM)junto ao recém criado Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares. O convite da pesquisadora e ativista negra Lelia Gonzales para debate na UnB em 1986 e o convite como professora visitante de Angela Gillian , antropóloga negra estadunidense em 1993 e 1994 apontavam a importância da interseccionalidade de gênero e raça para as ciências sociais da UnB. Criamos disciplinas de Antropologia da Mulher, Antropologia do Gênero e Sociologia do Gênero. Estudos de gênero foram criados no Instituto de Letras , na História e no Serviço Social. Recentemente na Ciência Política e no Direito.


O primeiro chamado da Administração da UnB sobre a questão da desigualdade de gênero veio estimulada pelo então governo do Distrito Federal que em 1993 solicitou a UnB estudos e pesquisas sobre violência sexual contra as mulheres. Foi aí que as pesquisadoras do NEPeM, dentre elas Mireya Suarez, Lourdes Bandeira, Rita Segato e eu iniciamos ampla pesquisa coletiva com apoio de inúmeros e inúmeras estudantes graduandos e pós-graduandos. Sobre violência contra as mulheres, políticas de segurança e saúde. A professora Tania Montoro da Comunicação realizou pesquisa sobre violência na imprensa.


Desde os anos oitenta, orientei pesquisas de graduação sobre relações de gênero na Universidade. Lembro que me surpreendi com as relações violentas e discriminatórias encontradas de namorados contra namoradas. Na sala de aula, foram revelados os fortes estereótipos de gênero entre estudantes entre si e entre professores e estudantes nas áreas das ciências exatas, como a engenharia, mas foram revelados também estereótipos em salas de aulas no campo das ciências humanas.


O assassinato (hoje feminicídio)da aluna do sexto semestre de Letras da Universidade de Brasília (UnB), Thaís Muniz Mendonça, pelo ex-namorado e estudante de Sociologia da mesma Universidade, Marcelo Bauer, em 1987 alcançou espaço na mídia e causou um enorme impacto na Universidade, mas pouca movimentação de prevenção e enfrentamento à violência.


Foram os trotes com elementos misóginos e homofóbicos que trouxeram a visibilização da discriminação de gênero no espaço universitário nos anos 2000. Em 2004, houve a movimentação de professores e estudantes pelas quotas raciais e étnicas implementadas na UnB em 2004. Dava-se o aumento da percepção dos direitos à diversidade racial, sexual e de gênero.

 

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