OPINIÃO

Isaac Roitman é doutor em Microbiologia, professor emérito da Universidade de Brasília e membro titular de Academia Brasileira de Ciências.

Isaac Roitman

 

A não violência exige luta determinada e persistente contra as injustiças

Vivenciamos um Carnaval sem alegrias e com um cenário triste, vendo em tempo real as cenas do conflito entre Rússia e Ucrânia. Chegou a hora de fazermos uma profunda reflexão e acabar com as guerras definitivamente. Segundo o historiador John Baines, da Universidade de Oxford, o primeiro registro de uma guerra se deu por volta do ano 2525 antes de Cristo, no estado de Lagash, localizado na Suméria (sudeste do Iraque), contra o estado Umma. Ao longo do último milênio, o avanço tecnológico das máquinas de matar fez com que os conflitos fizessem muito mais vítimas em menos tempo.


A ilimitada crueldade amplamente demonstrada pela humanidade não tem analogia no mundo dos animais superiores. O professor Boris Porshnev introduziu o conceito que a humanidade no seu desenvolvimento passou por um estado de adelphophagy (canibalismo). Até hoje, o ser humano não conseguiu viver pacificamente. Imaginar, então, um mundo com guerras, escassez de água e alimentos, migrações forçadas é assustador. Infelizmente, esse é o futuro que aguarda as futuras gerações se não revertermos esse processo por meio da implantação de uma cultura de paz planetária.


Paz não é apenas a ausência de guerra entre os países. Paz é garantir que todas as pessoas tenham moradia, alimentos, roupas, educação, saúde, amor e compreensão. Paz é cuidar do ambiente em que vivemos, garantir a qualidade da água, o saneamento básico, a despoluição do ar, o bom aproveitamento da terra. Paz é buscar serenidade dentro da gente para viver com alegria. Paz é a capacidade de se criar clima de harmonia entre todos, lembrando-se sempre de que onde existe amor, existe paz.


Ao longo do tempo, a humanidade se preocupa a construir a cultura da Paz. Na nossa história recente, bebemos na fonte alimentada por pensamentos e ações de grandes pacifistas, tais como Mahatma Gandi, Martin Luther King Jr., Dalai Lama, Albert Einstein, Nelson Mandela, madre Teresa e Amoz Oz.


Para que a Paz possa se tornar algo viável, palpável e possível de ser conquistada é necessário começar a pensá-la como construção individual. Quando cada indivíduo perceber que o coletivo é fruto do individual, que sociedade pacífica se constrói com indivíduos pacíficos, tolerantes, desprovidos de preconceitos e atitudes discriminatórias, poderemos pensar na paz universal com mais esperança.
A conquista da Paz passa também por ações governamentais, políticas públicas que proporcionem condições mínimas de vivência digna, com perspectiva de futuro para as novas gerações, criação de empregos dignos para a população jovem e adulta, pela não discriminação do idoso ou do diferente, incluindo nessas diferenças a religião, a raça, a opção sexual, o deficiente, o obeso, o índio, o estrangeiro. Há que ser percebido que a diferença enriquece, acrescenta e aprimora.

 

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Publicado originalmente no Monitor Mercantil em 04/03/22.

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