OPINIÃO

 

Leides Barroso Azevedo Moura é é graduada em Enfermagem pela Universidade Federal de Mato Grosso, licença registrada (RN) pelo New York Board of Education-USAe de Brasília. Mestra em Ciências da Enfermagem pela Western Connecticut State University nos Estados Unidos. Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília.  Pós-doutorado na University College London, pós-doutorado no Office of Global Health Education at Weil Cornell Medical College.Enfermeira de Saúde Pública do Departamento de Saúde de Nova York. Professora da Universidade de Brasília.

Leides Barroso de Azevedo Moura

 

As mulheres e homens com toda diversidade nascem iguais em dignidade, segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos. No entanto, mesmo antes que nasçam, a sociedade estabelece um lugar de inferioridade para mulheres. É, portanto, desumano. Em algumas culturas abortam-se os fetos femininos, com preferência para filhos de sexo masculino. É desumano. A atenção com bebês mulheres é diferente da atenção dada a bebês masculinos, com brinquedos segregadores como panelas e bonecas para meninas e bolas de futebol para meninos, com seleção da cor do enxoval, a partir de expectativas distintas de gênero antes mesmo do nascimento. A cor de rosa para mulheres e a cor azul para meninos é apregoada pelo senso comum, sendo que ambos vão conviver com todas as cores na vida real. Há quem diga que as mulheres são princesas e os homens príncipes, atribuindo-lhes um lugar de poder imaginário de uma corte imperial e de relações de poder de um sobre o outro. O lugar de mando do homem e o lugar de obediência da mulher vão sendo construídos nos brinquedos, nos jogos, nas tarefas domésticas, no uso da força e na expressão do choro. Meninos choram, e é desumano impedir os meninos de chorar. É importante desconstruir a imagem de que a mulher esteja a serviço do homem, trazendo-lhe garantia unilateral de afeto e cuidado. É desumano. Homens e mulheres, podem e devem realizar tarefas e cuidados da vida de forma colaborativa. Não há tarefas prescritivas específicas para mulheres e homens. É desumano discriminar, humilhar, segregar, espancar e, pior, matar alguém por ser mulher. As mulheres têm capacidades para exercer qualquer atividade e hoje em dia estão na direção de empresas, na chefia de governos e, em algumas igrejas e religiões, ocupam a máxima hierarquia. O corpo da mulher objetificado e controlado produz dores quase inenarráveis. É desumano. O corpo humano é socialmente moldado. O corpo da mulher em todas as etapas da vida pertence a ela, e não ao homem, ao mercado de consumo, ou aos especialistas e profissionais que tentam impor sua decisão sobre os corpos alheios. É necessário construir e defender a dignidade e o respeito a todas as pessoas e desconstruir o machismo, a colonização dos corpos, como se a decisão sobre si mesma coubesse ao homem. A reprodução é exercida pela mulher, tendo a palavra sobre isto. A criação das crianças é um ato de amor compartilhado na família natural ou adotiva. Ainda hoje, mulheres idosas sofrem no corpo as ocorrências das violências ao longo do curso da vida, que se articulam com o machismo, sexismo, racismo e ageismo/idadismo estruturalmente constituídos. Atribuir-lhes obrigações de avó como dever é desumano. Elas podem optar livremente para cuidar e desfrutar da convivência e aprendizados intergeracionais com netas e netos. O respeito às decisões e ao corpo da mulher não tem idade. Homens e Mulheres, na sua diversidade, nascem iguais em dignidade. Isso é humano.

 

 

 

Vicente Faleiros e Leides Moura (em nome do GT "Envelhecimento Saudável e Participativo" - Dasu/ DAC) tem como objetivo trabalhar os desafios do envelhecimento por intermédio da interação entre universidade e cidade na perspectiva do Envelhecimento Digno, Saudável e Participativo e no cumprimento da legislação nacional e internacional em consonância com os objetivos do desenvolvimento sustentável, com a década do Envelhecimento Saudável (2021 a 2030) e com o enfrentamento do Ageismo/Idadismo)

 

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