Leides Barroso de Azevedo Moura
As mulheres e homens com toda diversidade nascem iguais em dignidade, segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos. No entanto, mesmo antes que nasçam, a sociedade estabelece um lugar de inferioridade para mulheres. É, portanto, desumano. Em algumas culturas abortam-se os fetos femininos, com preferência para filhos de sexo masculino. É desumano. A atenção com bebês mulheres é diferente da atenção dada a bebês masculinos, com brinquedos segregadores como panelas e bonecas para meninas e bolas de futebol para meninos, com seleção da cor do enxoval, a partir de expectativas distintas de gênero antes mesmo do nascimento. A cor de rosa para mulheres e a cor azul para meninos é apregoada pelo senso comum, sendo que ambos vão conviver com todas as cores na vida real. Há quem diga que as mulheres são princesas e os homens príncipes, atribuindo-lhes um lugar de poder imaginário de uma corte imperial e de relações de poder de um sobre o outro. O lugar de mando do homem e o lugar de obediência da mulher vão sendo construídos nos brinquedos, nos jogos, nas tarefas domésticas, no uso da força e na expressão do choro. Meninos choram, e é desumano impedir os meninos de chorar. É importante desconstruir a imagem de que a mulher esteja a serviço do homem, trazendo-lhe garantia unilateral de afeto e cuidado. É desumano. Homens e mulheres, podem e devem realizar tarefas e cuidados da vida de forma colaborativa. Não há tarefas prescritivas específicas para mulheres e homens. É desumano discriminar, humilhar, segregar, espancar e, pior, matar alguém por ser mulher. As mulheres têm capacidades para exercer qualquer atividade e hoje em dia estão na direção de empresas, na chefia de governos e, em algumas igrejas e religiões, ocupam a máxima hierarquia. O corpo da mulher objetificado e controlado produz dores quase inenarráveis. É desumano. O corpo humano é socialmente moldado. O corpo da mulher em todas as etapas da vida pertence a ela, e não ao homem, ao mercado de consumo, ou aos especialistas e profissionais que tentam impor sua decisão sobre os corpos alheios. É necessário construir e defender a dignidade e o respeito a todas as pessoas e desconstruir o machismo, a colonização dos corpos, como se a decisão sobre si mesma coubesse ao homem. A reprodução é exercida pela mulher, tendo a palavra sobre isto. A criação das crianças é um ato de amor compartilhado na família natural ou adotiva. Ainda hoje, mulheres idosas sofrem no corpo as ocorrências das violências ao longo do curso da vida, que se articulam com o machismo, sexismo, racismo e ageismo/idadismo estruturalmente constituídos. Atribuir-lhes obrigações de avó como dever é desumano. Elas podem optar livremente para cuidar e desfrutar da convivência e aprendizados intergeracionais com netas e netos. O respeito às decisões e ao corpo da mulher não tem idade. Homens e Mulheres, na sua diversidade, nascem iguais em dignidade. Isso é humano.
Vicente Faleiros e Leides Moura (em nome do GT "Envelhecimento Saudável e Participativo" - Dasu/ DAC) tem como objetivo trabalhar os desafios do envelhecimento por intermédio da interação entre universidade e cidade na perspectiva do Envelhecimento Digno, Saudável e Participativo e no cumprimento da legislação nacional e internacional em consonância com os objetivos do desenvolvimento sustentável, com a década do Envelhecimento Saudável (2021 a 2030) e com o enfrentamento do Ageismo/Idadismo)
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