OPINIÃO

 

Mônica Nogueira é doutora em Antropologia Social e mestre em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB). Professora da Faculdade UnB Planaltina (FUP). Atualmente Secretária de Comunicação da UnB.

Mônica Celeida Rabelo Nogueira

 


Hoje, Honestino faria 75 anos. Nascido em Itaberaí, Goiás, em 28 de março de 1947, Honestino Monteiro Guimarães tornou-se um ícone do movimento estudantil brasileiro. Iniciou sua militância ainda no movimento secundarista, quando se filiou à Ação Popular (AP). Tornou-se estudante de Geologia da Universidade de Brasília (UnB) em 1965, e por sua militância foi preso em 1968, na invasão militar da Universidade. Solto meses depois, logo foi lançado na clandestinidade pelo Ato Institucional no 5 (AI-5), instaurado no mesmo ano. Seguiu na militância, buscando organizar a resistência popular à ditadura militar, quando em 1973 foi novamente preso e tornou-se um desaparecido político. Ele tinha então 26 anos.

A confirmação pública de sua morte só ocorreu em 1996, mas a família jamais pôde velar e enterrar seu corpo. Não sem luta, de familiares e amigos, em 2014 o Estado brasileiro anistiou politicamente Honestino (post mortem) e o Ministério da Justiça determinou a retificação de seu atestado de óbito para incluir como causa da morte “atos de violência praticados pelo Estado”. Uma história que não podemos esquecer. Uma história que nos impõe, como um imperativo ético e político, a luta em defesa da democracia e o rechaço absoluto aos abusos de poder por parte de governos e do Estado.

O título deste artigo é alusivo a um poema escrito por Honestino aos 18 anos e que expressa seus sonhos de futuro, de liberdade, igualdade e justiça social. A realização desses ideais ensejaria “a festa da manhã geral”, aquela para toda a gente, como sugere o poema que consta em Paixão de Honestino, biografia escrita por Betty Almeida (2016). A autora, que também foi militante e o conheceu no movimento estudantil, descreve Honestino como um jovem bem-humorado e inteligente, apaixonado por futebol. Um líder de atos pacíficos, sem vínculos com a luta armada, que foi perseguido, torturado e aniquilado pela ditadura militar, como um perigoso inimigo do regime.

Mas a manhã de festa ainda está por vir. Quando pudermos expurgar o autoritarismo que atravessa a história e a sociedade brasileiras. Quando os assassinatos de militantes políticos como Honestino Guimarães, Marielle Franco, Paulo Paulino Guajajara e tantos outros forem elucidados e reparados, no cumprimento dos direitos fundamentais à verdade e à memória.


Seria então um prenúncio de festa se, numa manhã como a de hoje, o nome de uma das pontes sobre o Lago Paranoá, mudasse de Costa e Silva para Honestino Guimarães. O Projeto de Lei (PL) 1697/2021, que prevê a mudança, foi aprovado em segundo turno pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) em outubro de 2021, após audiência pública realizada em junho. Mas foi vetado pelo Poder Executivo do Distrito Federal. O veto agora deve ser analisado pelos deputados distritais.

 

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