OPINIÃO

Teresa Helena Macedo da Costa é graduada em Nutrição pela Universidade de Brasília, em Educação Física pela Universidade de Brasília, mestra em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorad em Biochemistry And Physiology - University of Oxford, England. Pós-doutorado no Medical Research Council, Human Nutrition Research, Inglaterra. Estágio Sênior na Iowa State University, USA. Atualmente é professora da Universidade de Brasília.

Teresa Helena Macedo da Costa

 

Há dezoito anos me dedico a estudar o café relacionado a saúde humana. Nesses anos desenvolvemos projetos, participei e coordenei grupos de pesquisa com o intuito de alavancar o Brasil no cenário de pesquisas sobre café e saúde. A nossa primeira pergunta foi se o café era um alimento funcional. A definição de alimento funcional é aquela que extrapola os efeitos do alimento para além do fornecimento de nutrientes e amplia os benefícios no bem-estar e respostas positivas para o organismo. O café por ser triturado, torrado e preparado em forma aquosa após fervura da água apresenta acesso rápido, higiênico e favorável aos seus componentes. Por isso, o café é a fonte mais rica e disponível de compostos antioxidantes, como os ácidos clorogênicos. A vitamina niacina está presente na bebida café de forma muito facilmente absorvível, pois é formada a partir da trigonelina durante o processo de torrefação. O café também fornece alguns minerais e tem na sua composição a cafeína que é um estimulante.


O café tem um aroma marcante e atraente que supera o sabor da bebida porque os taninos do fruto dão certa adstringência ao sabor da bebida. O sabor do café é também influenciado pela diluição e grau de torra. Sabemos que o consumo de café no Brasil é muito prevalente. A bebida é campeã de consumo sendo superada apenas pelo consumo de água. No Brasil o consumo médio habitual de café é de uma e meia xícaras por dia (163 mL/dia) e os homens no Brasil são maiores consumidores do que as mulheres. O café filtrado e instantâneo são os mais consumidos e 87% dos brasileiros usam o açúcar para adoçar o café.  Esses dados foram estimados por nós a partir dos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008-09. No Distrito Federal caracterizamos os consumidores e as razões e preferências para o consumo de café. No DF a popularidade do café reside no seu sabor, prazer e hábito em tomar a bebida, sendo mais apreciado com o passar da idade e em conjunto com outros alimentos como os pães.


O consumo de café está associado com menor risco para o diabetes tipo 2, menor risco e sintomas da doença de Parkinson e menor risco de alguns tipos de câncer. Efeitos bem documentados do consumo de café são melhorias no estado de alerta mental, concentração, vigília e desempenho atlético. Nos nossos estudos metabólicos com o consumo de café regular, descafeinado e adoçado observamos que o consumo de café adoçado manteve o padrão esperado de resposta glicêmica. Já o café descafeinado favoreceu melhor sensibilidade a insulina.  Por causa desses resultados testamos o café na recuperação das reservas de glicogênio muscular em atletas de ciclismo e em modelo animal. O café se mostrou um aliado interessante para ajudar na recuperação das reservas musculares de glicose (glicogênio) dos atletas e dos animais de laboratório.


O café merece o podium como um alimento funcional que pode auxiliar na redução de risco de algumas doenças, melhorar o estado de alerta e de recuperação após exercício físico intenso. Por suas características estimulantes o café deve ser apreciado durante o período diurno e com moderação. Efeitos positivos são obtidos com três a quatro xícaras por dia. Os efeitos do café independem do açúcar adicionado, por isso em geral para a população o melhor é reduzir ou retirar o açúcar do café.  Aprecie a nossa bebida campeã porque o Brasil é o maior produtor mundial de café.

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