OPINIÃO

 

 

Vanessa de Souza Vieira Rodrigues é graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade de Brasília. É especialista em Serviço Social, com ênfase em políticas públicas. É jornalista na Secretaria de Comunicação da UnB e editora-chefe da revista Darcy. Coordena o Projeto de Extensão da revista Darcy.

Vanessa Vieira

 

Se eu te pedir para citar o nome de um importante cientista brasileiro, quem te vem à mente? “Não sei” ou “Não me lembro” foram as respostas de 90% dos brasileiros entrevistados na pesquisa nacional Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil 2019 (edição mais recente). Quando questionados sobre alguma instituição que se dedique à pesquisa científica no país, 88% também não souberam responder. Nem mesmo as universidades públicas vieram à mente!

 

A Universidade de Brasília entende a importância de mudar esse cenário. Por isso, seu compromisso tem sido não apenas o de fazer ciência, mas o de comunicá-la. Neste mês em que a instituição se torna sexagenária, temos o prazer de homenageá-la com mais um número da revista Darcy — publicação de jornalismo científico e cultural, que se orgulha de ter o mesmo nome do antropólogo, cientista brasileiro e idealizador da UnB.

 

Lançada na última quinta-feira (14), a edição 27 celebra a Universidade necessária, como idealizou Darcy Ribeiro, e exibe a atuação pioneira, inclusiva e democrática da UnB ao longo das décadas. As matérias comemorativas destacam seu vanguardismo na adoção de cotas raciais e de um modelo de acesso alternativo ao vestibular tradicional o Programa de Avaliação Seriada (PAS) —, medidas que contribuíram para democratizar o acesso ao ensino superior no país. Como não podia ser diferente, o número é permeado por reportagens sobre pesquisas protagonizadas na instituição.

 

E essa tem sido a missão da Darcy desde sua concepção, em 2009: divulgar, em linguagem acessível, a ciência produzida nos laboratórios e salas de aula da UnB.  Aqui cabe elucidar quão estratégico é esse ofício, já que mais de 90% da ciência desenvolvida no país é feita pelas universidades públicas1. Como protagonista no fazer científico, essas instituições têm também a responsabilidade de contribuir para a democratização do acesso a esse conhecimento.

 

Para isso, é preciso levar a informação sobre ciência para além dos muros da academia. A Darcy caminha nessa direção. Em sua gênese, a revista foi pensada para dialogar também com estudantes de ensino médio de escolas públicas do Distrito Federal. Esse elo é retomado com esforço em 2019, por meio da iniciativa Darcy nas escolas – projeto em fase piloto e com potencial para aproximar Universidade e secundaristas.

 

Em 2021, a publicação resgata outra importante característica originária2: seu viés extensionista. Este pilar fortalece o elo com a sociedade ao ampliar o acesso à revista por meio de atividades como as ofertadas na Semana Universitária. Possibilita, ainda, a inserção de universitários nos processos produtivos da publicação, o que contribui para formação acadêmica e profissional desses estudantes, que podem experimentar a prática do jornalismo científico.

 

Em tempos de desinformação e aumento de fake news, a Darcy oferece a seus leitores informação de qualidade, obtida em rigoroso processo de apuração jornalística, tendo como fonte especialistas de diferentes áreas do conhecimento. Além de dar visibilidade à pauta de ciência, a publicação contribui para qualificar o debate público em temas contemporâneos de interesse social – a exemplo da edição 25, que aborda o aumento das desigualdades no mundo contemporâneo.

 

Esse breve resgate acerca da revista Darcy é uma singela homenagem à Universidade de Brasília em seu compromisso ao longo de seis décadas com o desenvolvimento da ciência no país. Aprecie e celebre a Universidade de Brasília com a revista Darcy!

 

 

1) Fonte: Web of Science Group. Research in Brazil: Funding excellence. 2019.

2) A Darcy foi criada como projeto de extensão da Faculdade de Comunicação (FAC/UnB) proposto pelo professor Luiz Gonzaga Figueiredo Motta e aprovado por unanimidade pelo Conselho da FAC, em setembro de 2009. A Secretaria de Comunicação integrou a iniciativa, sendo responsável por editar a revista.

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