OPINIÃO

 

Elen Cristina Geraldes é professora associada da Faculdade de Comunicação da UnB, do curso de Comunicação Organizacional. Foi a primeira orientanda de doutorado de Michelangelo Trigueiro, em 2000.

 


Janara Kalline Leal Lopes de Sousa é professora associada da Faculdade de Comunicação, do curso de Comunicação Organizacional. Foi aluna e amiga de Michelangelo Trigueiro.

Elen Geraldes e Janara Sousa

 

Professor titular aposentado da Universidade de Brasília desde 2016, o sociólogo Michelangelo Trigueiro faleceu no dia 18 de abril, aos 64 anos. Foi uma grande perda para a área de Sociologia da Ciência e Tecnologia, à qual dedicou boa parte de sua trajetória, e para estudantes e colegas que conviveram com esse docente apaixonado pela UnB, pelo ensino e pela pesquisa.


Tinha grande facilidade em Ciências Exatas, mas o contato com a Sociologia foi uma paixão fulminante. Cursou graduação, mestrado e doutorado em Sociologia na UnB, e posteriormente realizou quatro pós-doutorados: na University of Warwick, na Inglaterra; no Instituto de Filosofia, Lógica e Filosofia da Ciência, da Ludwig-Maximilians-Universität, em Munique (Alemanha), no Centre for Social and Economic Research on Innovation in Genomics (Innogen), também na Inglaterra, e no Departamento de Política Científica e Tecnológica da Unicamp.


Seus temas de pesquisa, que renderam dez livros como autor individual, e vários artigos e capítulos de livros, eram: tecnociência, biotecnologia, bioprospecção, design inteligente, avaliação institucional, universidade, e formação de recursos humanos em áreas estratégicas. Buscou entender as relações entre ciência, tecnologia e sociedade e pensar caminhos para que o Brasil superasse suas imensas desigualdades por meio de conhecimento. Escrevia com rapidez e facilidade, apaixonava-se por objetos pouco usuais e costumava dividir com colegas e estudantes seus novos achados.

 

Ingressou como docente na UnB em 1989, após seis anos de trabalho como sociólogo na Empresa Brasileira de Agropecuária – Embrapa, onde foi pesquisador no Departamento de Difusão em Tecnologia. Como gestor na Universidade de Brasília, foi chefe do Departamento de Sociologia, coordenador do Curso de Sociologia, coordenador da pós-graduação em Sociologia, chefe da área de Planejamento e Decano de Graduação, entre outros cargos. Foi diretor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal em 2014.


Michelangelo dava conta da papelada, era ágil e entusiasta, firme e assertivo nas decisões. Mas, sobretudo, será lembrado como um pesquisador corajoso, que enfrentava temas difíceis, como o de seu último livro, sobre controvérsias científicas sobre o Santo Sudário. Era um professor que gostava da sala de aula e foi um orientador profundamente generoso para quase 40 estudantes.


Obrigada por nos acolher e mudar nossa vida, Michelangelo! A Universidade de Brasília te deve reconhecimento por sua dedicação, brilhantismo e coragem. Desejamos à família e amigos conforto e nossas mais sinceras condolências.

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