OPINIÃO

 

Luis Gustavo do Prado e Silva é graduado em Fotografia pelo Centro Universitário Senac. Atualmente é Tecnólogo/Fotografia da Universidade de Brasília. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Fotografia.

Luis Gustavo Prado

 

Semana passada comemoramos os 62 anos de Brasília, e também os 60 anos da inauguração da Universidade de Brasília. Tanto na história brasiliense quanto na da UnB, a Fotografia ocupa importante papel enquanto documento histórico.


Antes mesmo do início da construção de Brasília, a Fotografia já se fazia presente na futura capital do país, seja através das duas expedições da Missão Cruls - que, ainda na década de 1890, demarcou a futura localização da nova capital -, seja por meio de fotógrafos itinerantes que percorriam as cidades e fazendas goianas fazendo retratos daqueles que tinham como pagar.


Muitos fotógrafos, conhecidos ou anônimos, registraram com seus equipamentos a construção e inauguração de Brasília e, desde então, sua expansão e seu cotidiano: festas populares, manifestações de diferentes tipos e espectros políticos, habitantes ilustres e desconhecidos, monumentais edifícios e paisagens, ou seus detalhes, autorretratos, selfies...


Nesses 60 anos da UnB, fizemos, e ainda fazemos, importantes contribuições no desenvolvimento da Fotografia no DF. São muitos os fotógrafos e fotógrafas profissionais que, em algum momento de suas carreiras acadêmicas, estiveram na UnB. Alguns aqui permanecem, como professores e pesquisadores. Muitos dos antigos profissionais e estudantes desenvolveram a paixão pela Fotografia nos antigos laboratórios fotográficos - ainda existentes na UnB - vivenciando a magia
proporcionada pela fotografia química, tão diferente do processamento de fotos digitais.


Lembro com saudade de todo o trabalho exigido para obter uma fotografia. Escolher o filme (ou usar o que tivesse disponível nas lojas), fotografar quadro a quadro, até acabar o rolo, para só então revelar o filme - torcendo, enquanto não tínhamos prática, para não ter enrolado o filme errado na espiral. Depois do filme revelado, fixado, lavado e seco, finalmente entrar na sala de ampliação para fazer as cópias em papel.


Para quem não conhece, a sala de ampliação é onde verdadeiramente acontece a magia. O ambiente em semiescuridão, quebrada somente por uma fraca luz vermelha, o cheiro dos químicos nas bandejas... No ampliador, projetar o negativo sobre o papel fotográfico, controlando bem o tempo, para enfim ver a imagem surgir no revelador.

 

Hoje, com a fotografia digital, o processo fotográfico é muito mais rápido. É possível fotografar, fazer ajustes na imagem, quando necessário, e publicá-la quase que
imediatamente, alcançando pessoas em todos os cantos do mundo. Ou, num processo híbrido - tema de ensino, pesquisa e extensão aqui na UnB - também é possível imprimir imagens digitais artesanalmente, em papel ou outros materiais.


Fato talvez desconhecido por parte da comunidade acadêmica, a Fotografia não está presente, aqui, apenas como objeto de ensino e pesquisa. Há muitos anos fotógrafas e fotógrafos ligados à instituição - servidores, terceirizados e estagiários - ajudamos a divulgar o conhecimento que aqui se produz, registrando, com nossos diferentes olhares, o que acontece em nossa UnB. Para alguns, somos uma categoria de servidores em extinção.


Mas, graças ao nosso conhecimento técnico e bagagem cultural, carregando nossas pesadas câmeras e lentes em detrimento aos smartphones, somos indispensáveis para uma eficiente comunicação institucional.

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