OPINIÃO

Rogério Alves de Souza Almeida é servidor do Decanato de Ensino de Graduação da UnB.

Rogério Almeida

 

Em 6 de agosto, é comemorado oficialmente o Dia Nacional dos Profissionais da Educação e, neste dia, é comum que muitos se lembrem e parabenizem apenas os professores. Para dar o merecido reconhecimento a todos os profissionais da educação, quero celebrar esta data falando de nós, Técnicos Administrativos em Educação – TAE, que estamos presentes nas diversas áreas da Universidade, seja em secretarias, laboratórios, RH, decanatos, segurança, sustentando as bases para que este espaço possa oferecer seu serviço à sociedade. Na verdade, somos muito mais que a base, nosso trabalho, muitas vezes, interfere diretamente no processo educativo.


No entanto, a estrutura organizacional das Universidades federais acaba pecando na valorização dos TAEs, muitos de nós somos qualificados ou admitidos para “coordenar” e “planejar”, mas não ocupamos os principais cargos de gestão. Além disso, estamos em um ambiente que, por vezes, valoriza mais o currículo Lattes do que qualquer conhecimento e/ou experiência em gestão. Isso gera, muitas vezes, assédio moral, falta de reconhecimento, exclusão das decisões e realizamos trabalhos em que o mérito, frequentemente, é atribuído ao gestor.


Para que haja mudanças nesse cenário, é necessário rever a estrutura e as práticas de gestão. Um exemplo são os órgãos colegiados que legislam e tomam decisões importantes, mas geralmente não consultam os profissionais que estão na linha de frente, cheios de vivências e conhecimento das nuances da questão. O ideal seria que as decisões fossem baseadas não apenas nas normativas, que são importantes, mas sobretudo que considerassem os “humanos” envolvidos. Essa maneira de operar me gerou muita frustração quando iniciei minhas atividades na Universidade. Naquele momento inicial, eu imaginava que a pesquisa era um instrumento da gestão, que o conhecimento de todos era utilizado nas decisões.


Apesar desta minha perspectiva, estamos aqui, dedicados ao trabalho. E acho importante, neste dia 06, refletirmos sobre o que é ser um profissional da educação (técnicos e professores), qual é o meu papel, o impacto do meu trabalho na sociedade, como contribuir com esse impacto, com as condições de trabalho, ou seja, o que me motiva a estar aqui? Com esses questionamentos entendi como o trabalho interfere na vida cotidiana e na minha metamorfose pessoal e diária. Me fez criar possibilidades para estar bem nesse ambiente, melhorando as relações com colegas e entendendo angústias e sofrimentos dos estudantes. A Universidade funciona com relações interpessoais e é com elas que vou conviver grande parte da minha vida. Que tipo de relações quero construir?


Em relação aos estudantes, eu entendo que é minha função proporcionar condições para que possam seguir o curso, que estão em processo educacional, por isso eu escuto com atenção suas manifestações e, quando não tenho competência para orientá-los, os direciono a quem pode fazer isso. Os resultados foram e são visíveis nas notas e na qualidade de vida dos estudantes, e essa prática se repete entre vários colegas. No entanto, imagine se todos os professores e técnicos direcionarem os estudantes com problemas acadêmicos, de saúde mental, de preconceitos e outros para os serviços de apoio?


Essas utopias me ajudam a realizar algumas transformações no meu trabalho. Atualmente tenho sonhado com uma “Casa do Estudante Internacional” para acolher nosso público estrangeiro e promover o intercâmbio cultural. E tenho sonhos mais utópicos.  Desde que ingressei na Universidade, em 2006, sonho que um dia, em um mundo não distante, haverá uma parceria entre as Universidades e os poderes locais, e que nosso conhecimento e pesquisa colaborem com suas decisões. Mas principalmente, que eles levem o conhecimento da Universidade às periferias, diretamente à vida cotidiana das pessoas. Teríamos o laboratório ideal para promover as pesquisas mais transformadoras da nossa sociedade.


Sigamos sonhando e seguros de que estamos fazendo um papel importante na sociedade. Parabéns a todos técnicos e técnicas!

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