OPINIÃO

 

 

Rosamaria Giatti Carneiro é professora do Departamento de Saúde Coletiva e do Programa de Pós-graduação em Estudos Comparativos sobre as Américas - UnB.

 

 


Danielle de Araújo é pós-doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparativos sobre as Américas - UnB.

Rosamaria Giatti e Danielle de Araújo


A pandemia de covid-19 evidenciou as assimetrias no que tange as questões de gênero, com recorte para a realidade de que as mulheres carregam a maior carga relacionada ao cuidado, dentro e fora das famílias, tornando fluidas as velhas e novas representações sociais que pairam sobre os sujeitos que cuidam e recebem cuidado.


As múltiplas transformações sociais, culturais, políticas e econômicas que advindas da crise sanitária de covid-19, como o isolamento social, o fechamento das escolas e de setores empresariais, por exemplo, modificaram as lógicas laborais e de provisão de cuidado, impactando material e subjetivamente os que cuidam e os que eram cuidados, enfatizou também que as atividades de cuidado se constituem como problemas sociais.


A pandemia trouxe para o centro das discussões temas que as Ciências Sociais sempre destacaram, as assimetrias e desigualdades de gênero que atingem as mulheres a partir das práticas de cuidado, que são fundamentais para a configuração dos vínculos e relações.

Além disso, demonstrou que os modos de cuidar, padecer e morrer estão atreladas a desigualdades sociais, econômicas, sociossanitárias e comunitárias também, o que obriga a se pensar o fenômeno do cuidado como uma categoria de análise e política que tem repercussões nas políticas públicas.


Por exemplo, na Argentina, em 2021, os períodos em que mulheres desempenham cuidados maternos passaram a ser considerados como tempo passível de contribuição para a previdência. No Brasil, durante a pandemia o Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou o Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero em todo o Judiciário.


Para aprofundar os estudos sobre a temática a INB vai receber nos dias 25 e 26 de agosto os principais nomes que pesquisam a temática: Valeria LLobet - Cedesi-LICH, Conicet; Denise Pimenta (USP); Alessandra Rinaldi (UFRRJ); Johana Kunin (Idaes, Unsam-Conicet & EHESS); Walkyria Chagas (UFT); Nadya Araújo Guimarães (USP); Valeska Zanelo (UnB); María Fernanda González (Universidad Nacional de Entre Ríos); Alejandro Goldberg (UnB); Eliene Rodrigues Putira Sacuena (Técnica na Coordenação Estadual de Saúde Indígena e Populações Tradicionais - Cesipt/ Sespa); Márcia Reis Longhi (UFPB); Eleonor Faur (UNGS-Ides); Adriana Manta (Juíza TRT/5ª Região); - Karina Bidaseca (Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto).

O evento pretende reforçar as alianças postas dentro da Universidade de Brasília, em parceria com a núcleos de estudos na Argentina como o Programa de Género, Infancia y Juventud del CedesiI grupo de pesquisa argentino Cedesi-LICH, Conicete o grupo de pesquisa argentino Núcleo de Estúdios sobre Intimidades, Política y Sociedad (Idaes-Unsam).


Ressaltamos que essa agenda de trabalho insere o Distrito Federal e a Universidade de Brasília em um mapa de debates em exponencial crescimento na América Latina, inovando a discussão em seu cenário. Desconhecemos eventos como esses antes realizados no DF, o que dá destaque e reforça a projeção nacional, mas também internacional do GDF e da UnB nesse campo de pesquisa e atuação. Para além disso, o debate travado durante os dois dias, certamente inspirará ações e políticas públicas em âmbito regional.

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