OPINIÃO

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Elizabeth Ruano-Ibarra é doutora em Ciências Sociais. Professora Visitante Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam/UnB). Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGECsA/ELA/ICS/UnB).

 


Larissa Cristina de Sousa Ferro é doutoranda em Ciências Sociais (PPGECsA/ELA/ICS/UnB).

 

 

Carolina de Almeida Pereira é doutoranda em Ciências Sociais (PPGECsA/ELA/ICS/UnB).

Elizabeth Ruano-Ibarra, Larissa Ferro e Carolina Pereira

 

O Núcleo de Linguagem e Sociedade (Nelis), do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam), da Universidade de Brasília (UnB), ciente do potencial dos eventos acadêmicos em oportunizar reflexões rigorosas e de estar atentos à conjuntura, demarcada por 20 anos de ações afirmativas no ensino superior brasileiro e pela primeira década da lei de cotas, dinamizou parcerias e articulações interinstitucionais em prol de garantir espaços de diálogo entre especialistas da      América Latina que estudam as políticas de fomento aos direitos humanos e ao ensino superior do continente. Com a realização do simpósio, a comissão organizadora e o comitê científico,      almejaram privilegiar a sistematização de ideias convergentes e divergentes nos debates organizados em seis sessões públicas, presenciais e online, realizadas a cada segunda-feira do mês de agosto.

A modo de balanço preliminar – o definitivo será divulgado após realizarmos a assembleia de avaliação e prospectiva prevista para a segunda semana de setembro – o simpósio representou, em termos quantitativos, o engajamento de quase 700 pessoas, dentre elas: i) 19 representantes, de quatro universidades estrangeiras – Colômbia, Uruguai e Argentina – e duas brasileiras – UESPI e UnB, com envolvimento no comitê científico e na comissão organizadora; ii) 13 simposiastas de universidades brasileiras – USP, UFPA, Unicamp, UFBA, UFG, UFMS, UFRRJ, UFF e UFOP – e 10 universidades estrangeiras – IAEN/Equador, UNAM, Universidade Iberoamericana, Universidade Pedagógica Nacional, Universidade del Cuyo, UMSA, UNTREF, Instituto de Formación Docente, UniCauca, Pontifícia Universidade Católica del Perú e ENEES; iii) 640 pessoas que assistiram as transmissões ao vivo ou em deferido. Essa expressiva participação, além de superar a meta prevista, ratifica a importância da temática e encoraja os esforços pela democratização do ensino superior na América Latina.

 

Qualitativamente, salientamos a riqueza do diálogo em chave latino-americana, o qual evidenciou a permanência das desigualdades, as especificidades dos desafios a serem enfrentados em cada contexto nacional, as vitórias sociais e os aprendizados decorrentes de cada experiência. As reflexões coletivas mostraram a necessidade de consolidação de ações afirmativas voltadas para o ingresso, acolhimento e permanência de grupos marginalizados, histórica e socialmente, dos cursos de graduação e pós-graduação. Mostrou-se incipiente o avanço na inclusão de saberes diferentes ao legitimado pela matriz ocidental assim como a diversificação étnico-racial, socioeconômica e de gênero do corpo docente. Embora as pesquisas se debrucem prioritariamente sobre os desdobramentos nas existências das pessoas beneficiárias das ações afirmativas, salientou-se os impactos positivos no ensino superior e na sociedade como um todo. A presença da pluralidade de sujeitos contemplados pelas ações afirmativas tensiona o fazer acadêmico ao confrontá-lo com seus próprios limites. O simpósio se somou aos esforços pela internacionalização do debate acadêmico latino-americano sobre ações afirmativas, sinalizando as repercussões em favor da inclusão, importantes, mas ainda insuficientes.

 

Com o encerramento das sessões públicas do simpósio continuaremos o trabalho cooperativo, humanista-solidário e latino-americano em favor do ingresso e da permanência, material e simbólica, no ensino superior público e de qualidade.

 

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