OPINIÃO

Alexandre Simões Pilati é decano de Extensão, professor associado de Literatura Brasileira na Universidade de Brasília, doutor em Literatura pela UnB.

Alexandre Pilati

 

Com muita alegria vivenciamos, entre os dias 28 de agosto e 02 de setembro a 22ª Edição da Semana Universitária da UnB – Semuni. Tornando-se, em 2017, um Programa Especial de Extensão, a Semana Universitária contribuiu para que conseguíssemos enfrentar a lógica da fragmentação de ações e saberes, buscando, através da Câmara de Extensão, dinamizar projetos e ações que dialogam entre si, com foco na articulação dos âmbitos do ensino, da pesquisa e da extensão sob a marca do compromisso ético e do vínculo social.

Em 2022, a Semuni foi especial por inúmeros motivos, entre os quais será importante destacar quatro. O primeiro deles é o retorno à convivialidade, que é marca fundamental do extensionismo, e que já ficou patente na realização, no dia 28/08, da 1ª Corrida e Caminhada UnB/HUB. Foi um momento marcante, em que o campus Darcy Ribeiro se abriu para a comunidade do DF e reiterou o seu compromisso com a promoção da saúde e do bem viver. A convivialidade presencial foi a marca das interações que ocorreram durante Semuni, após dois anos de edições totalmente remotas. Mais do que um detalhe de mudança de oferta em relação aos anos de 2020 e 2021, retornarmos à convivialidade é retornarmos ao núcleo da extensão, cuja marca é o contato dialógico com a comunidade, com vistas à produção de conhecimento capaz de transformar a nossa realidade.  

Outro motivo que torna a Semuni 2022 ainda mais especial é a celebração do centenário de um dos nossos fundadores, homem de muitas peles, o antropólogo, educador, político e escritor Darcy Ribeiro. Sua figura e o seu legado foram as principais referências do encontro, especialmente se consideramos aquilo que o formulador da concepção da “universidade necessária” propôs como compromisso fundamental de sua filha querida, a UnB, uma universidade capaz de resgatar, segundo ele: “o papel da universidade como casa em que a nação brasileira se pensa a si mesma como problema e como projeto”. Como todos puderam atestar, na Semana Universitária de 2022, estudantes, técnicos, docentes e comunidade externa homenagearam o seu fundador evidenciando como esse compromisso se realiza através da extensão, que é o âmbito da atuação universitária com o poder de radicalizar o ensino e a pesquisa.

O terceiro motivo que torna nossa Semuni 2022 especial são os 60 anos da UnB, a quem Darcy Ribeiro, numa bela metáfora, chama de “minha ave de utopia”. Celebramos em 2022, a vida de uma universidade que nasceu para confrontar os modelos conservadores de produção de conhecimento e de relação entre a universidade e a sociedade. Nascemos, em 1962, para estreitar o diálogo com a sociedade brasileira, com a América Latina, com os povos originários, com o povo mais humilde e humilhado do Brasil.

O quarto motivo para celebrarmos a realização da 22ª Semana Universitária da UnB são os resultados alcançados, mesmo diante de uma conjuntura bastante adversa. Ao todo, foi proposto um total de 1050 ações de extensão durante a semana. Com relação aos participantes, alcançamos um total de 31.644 inscritos nas atividades e mais de 500 atletas se inscreveram na 1ª Corrida HUB/UnB. Nas equipes propositoras das atividades tivemos a participação de: 134 técnicos; 717 docentes; 2183 discentes; 769 membros externos. Colaboraram com a construção e a execução da Semuni 2022, 80 estudantes bolsistas e 200 extensionistas voluntários. Recebemos a visita de 73 escolas de ensino básico. Para isso, foram contratados 54 ônibus para visitação de estudantes de escolas públicas do DF, com a estimativa de participação de, no mínimo, 4.236 estudantes de escolas públicas visitando os campi, apenas com apoio direto do DEX.

Para terminar, retornemos à metáfora da “ave de utopia”, cunhada pelo nosso homenageado. Agradecemos a todos que contribuíram para que a Semuni 2022 fosse mais um belo voo da ave de utopia de Darcy Ribeiro. Nossa UnB mostrou que está atuante como sempre e necessária como nunca.

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