OPINIÃO

 

Karim Marini é professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária e do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Brasília. Doutor em Administração.

 

 

Jeremiás Balogh é professor do Departamento de Agronegócios da Corvinus University, Budapeste, Hungria.

 

 

Tafarel Carvalho de Gois, mestre em agronegócios pela Universidade de Brasília.

Karim Marini, Jeremiás Balogh e Tafarel Carvalho

 

O café está emaranhado na história brasileira, assim como de outros países de economias emergentes. Ele é um dos produtos essenciais no mercado de commodities, onde ocupa posição de destaque nas economias de mais de 70 países, sendo responsável por participação substancial em suas receitas, contribuindo para a geração de milhões de empregos em todo o mundo.

O consumo global estimado de café é de cerca de quatrocentos bilhões de xícaras por ano, o que equivale a 7,5 milhões de toneladas de café consumido. Esse fato faz do café a bebida de origem humana mais consumida no mundo, e está tão presente no cotidiano das mais diversas pessoas, que até Frank Sinatra tem uma música sobre café (The Coffee Song).

Apesar dessa magnitude, as nuances atuais do mercado internacional de café não são conhecidas. Assim, desenvolvemos um artigo que preenche essa lacuna analisando o mercado internacional de café no que diz respeito (1) à estrutura do mercado e (2) à sua competitividade.

O nosso estudo revelou que o mercado internacional de café é pouco concentrado. Revelamos também que as características comerciais de vários países ficaram estáveis (importações, exportações e reexportações), contudo também revelou as características comerciais dos países em transição, mostrando que a estrutura do mercado internacional do café desenvolveu características comerciais dinâmicas. Por exemplo, os índices de competitividade dos países, destaca que a Suíça teve o décimo maior valor em 2019, superando produtores tradicionais de café como Vietnã e Indonésia, ficando atrás dos reexportadores Alemanha e Itália.

Mostrar ainda que, apesar da competitividade de longo prazo dos maiores produtores de café, o domínio desses países está diminuindo no mercado internacional de café, mas sua posição ainda é crucial na cadeia global de valor do café.

Revela-se que alguns países (não) foram capazes de entender as mudanças nas exigências dos consumidores, que buscam cada vez mais uma experiência no consumo do café, e estão dispostos a pagar um preço mais alto por produtos de maior qualidade. Por fim, podemos observar que a Suíça entendeu melhor as necessidades do consumidor e antecipou as mudanças setoriais. A multinacional suíça Nestlé revolucionou a experiência no consumo de café e teve sucesso na estratégia de lançamento de uma marca premium (Nespresso).

Como principal implicação gerencial, este artigo mostra que não há rigidez inevitável no mercado internacional de café. É a comercialização de um produto que tem seu componente de estabilidade, mas que admite mudanças significativas com recursos de estratégia e inovação. Alguns países e organizações alcançaram uma participação mais significativa desse mercado ao longo do tempo. Assim, atores comerciais devem estar atentos aos novos padrões competitivos. Para os formuladores de políticas, nós mostramos a importância de garantir a capacidade produtiva agrícola, capacidade produtiva de processamento/torrefação, desenvolver recursos e inovações, e até mesmo criar estratégias para estimular a constituição de empresas para coordenar a cadeia produtiva do café, de forma que esses fatos auxiliem o atores para alcançar e manter vantagem comparativa no mercado internacional de café.

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