OPINIÃO

Henrique Marinho Leite Chaves é professor do Departamento de Engenharia Florestal da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília.

Henrique Marinho Leite Chaves

 

A UnB tem sofrido significativas inundações em seu campus Darcy Ribeiro, ocorridas durante chuvas de verão nos últimos anos, com graves prejuízos para sua infraestrutura predial, mobiliária, e equipamentos, impactando as atividades de docência e pesquisa da Instituição, principalmente num período de escassos recursos orçamentários e financeiros.

 

Há algumas causas do problema. A primeira é o mau planejamento de alguns de seus edifícios, que foram construídos no nível ou mesmo abaixo da superfície do terreno natural. Dentre eles, se destaca o ICC, onde um terço de sua superfície útil é localizado no subsolo, a jusante de uma grande área de estacionamento, onde é gerado um grande volume de enxurrada.

 

O mesmo ocorre com o novo prédio da Engenharia Florestal-EFL, construído numa depressão da Faculdade de Tecnologia. O EFL recebe não apenas o excesso de água gerado no seu terreno, mas também o escoamento oriundo da Via L-3 Norte, onde as bocas de lobo são insuficientes para reter a enxurrada gerada numa grande área de drenagem, que inclui a parte da Via L-2 Norte.

 

No evento de 9 de fevereiro último, e usando as marcas d’água da inundação que deteriorou o Anfiteatro e partes da Secretaria e de Laboratórios do Departamento, calculei que o volume de enxurrada acumulado na área do EFL foi de 1 milhão de litros, oriundos principalmente da Via L-3, situada 100 metros a montante. As canaletas de drenagem do EFL, instaladas após a obra ser entregue, operaram por ocasião do evento, mas foram insuficientes para reter o grande volume de água, gerado fora do campus.

 

Nesse sentido, é fundamental que a Administração da UnB busque soluções interna e externamente, inclusive junto à Novacap, responsável pela drenagem urbana de Brasília. Ressalta-se que as atuais obras do Drenar-DF passam ao largo do Campus da UnB, e não resolvem os problemas de drenagem da Universidade.

 

Nesse sentido, se recomendam as seguintes medidas para o enfrentamento efetivo das inundações do Campus da UnB:

 

1) Revisão Técnica dos Projetos e Obras de Drenagem dos prédios mais afetados do Campus;

 

2) Proposição de soluções de macro-drenagem (inclusive das vias a montante do Campus/Novacap) e da drenagem local (Campus), levando em conta o volume e o período de retorno das últimas chuvas, bem como as marcas d’água da inundação de Fevereiro de 2024;

 

3) Projeto e construção de estruturas estanques anti-inundação (portas, janelas etc.) para as edificações frequentemente inundadas;

 

4) Manutenção e Limpeza periódica e sistemática de bueiros, canaletas, e outras estruturas de drenagem do Campus;

 

5) Elaboração de Plano de Prevenção e Resposta a Emergências, com o subsequente treinamento de equipes dedicadas. Essas medidas permitiriam que a UnB se dedicasse a a suas atividades fins com segurança e sustentabilidade.

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