Fabiana Piontekowski Ribeiro
No dia 15 de abril comemora-se o Dia Nacional da Conservação do Solo, data importante para promover uma reflexão sobre a necessidade de ações voltadas para o uso racional dos recursos naturais, principalmente do solo, que constitui uma das esferas naturais mais importante do ponto de vista ambiental e econômico dos dias atuais.
A conservação do solo é essencial visto o crescimento populacional e aumento da demanda por alimentos. Em 2022, segundo o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial chegou a 8 bilhões de habitantes; estima-se que em 2050 chegará a 9,7 bilhões de pessoas e que necessitará de cerca de 70% a mais de alimentos disponíveis. Diante desse cenário, o solo, por ser base para a produção agrícola, enfrenta ameaças constantes de práticas como o desmatamento e uso excessivo de agrotóxicos.
Como reflexo dessas ações, a erosão é uma das principais causas da degradação do solo. Remove-se entre 25 e 40 bilhões de toneladas de solos por ano no mundo, o que compromete sua capacidade de armazenar nutrientes, carbono e água, prejudicando a produção e oferta de alimentos (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação/FAO).
Além dos prejuízos de solos menos produtivos, a erosão representa sérios riscos ao meio ambiente, em função do assoreamento, poluição e eutrofização dos corpos hídricos, o que provoca a morte da fauna e flora e dificulta a purificação e oxigenação dos cursos hídricos. O governo brasileiro, por meio do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), assumiu o compromisso lançado em 2017, para recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa e criar cinco milhões de hectares de sistemas agrícolas integrados, combinando terras agrícolas, pastagens e florestas até 2030.
Desde então, o Brasil apresenta 9,35 milhões de hectares para monocultura e restaurou apenas 79,1 mil hectares, menos de 1% da meta. E o tamanho do problema é bem maior do que a meta brasileira: o país tem 95,5 milhões de hectares de pastos degradados, equivalente à área da Venezuela, segundo a rede ambiental MapBiomas.
Nos desafios atuais de conciliar a produção de alimentos, conservação do solo, água, biodiversidade e mitigação das mudanças climáticas, a recuperação de áreas degradadas, a expansão de florestas de produção, e sistemas agroflorestais são boas opções para melhorar o microclima, a infiltração de água e a fertilidade do solo, reduzir erosão e déficit hídrico, produzir frutos e madeira e estimular o papel da pecuária para a conservação do sistema de produção.
Promover a adoção de técnicas de produção sustentáveis com sistemas integrados mantém a qualidade do solo e diminui a dependência de insumos químicos. Da mesma forma, a gestão adequada do solo é fundamental para garantir a disponibilidade desse recurso para as gerações futuras. A recuperação de áreas degradadas e a proteção de nascentes são estratégias fundamentais para a conservação da água.
Manter a vegetação natural na margem de nascentes, rios e córregos e no topo de morros, por exemplo, ajuda na contenção de erosões e enchentes, purifica a água que os animais e pessoas bebem, facilita a polinização das lavouras e mantém o solo rico em nutrientes. Também forma corredores importantes para a sobrevivência de animais e plantas nativos.
O manejo do solo é conjunto de operações com o objetivo de recuperar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo e dar condições favoráveis ao desenvolvimento de plantas, por tempo prolongado. As práticas conservacionistas são condutas culturais que auxiliam no controle da erosão, conservação do solo e da água, e visam aumentar a disponibilidade de água e nutrientes para as plantas.
Por fim, em um cenário ideal, sugere avanços em práticas conservacionistas de solo, melhores tecnologias para redução de desperdício de alimentos, e equilíbrio com os objetivos de produção alimentos, fibras e energia e a conservação dos recursos naturais.
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