OPINIÃO

Maria Emília Machado Telles Walter é decana de Pesquisa e Inovação e professora do Departamento de Ciências da Computação da Universidade de Brasília. Doutora em Ciência da Computação pela Universidade Estadual de Campinas. 

Maria Emília Machado Telles Walter

 

       *Discurso proferido pela decana de Pesquisa e Inovação, em sessão solene do Consuni pelo aniversário da Universidade de Brasília.

 

É uma alegria celebrar os 62 anos da nossa Universidade de Brasília, tão fortemente conectada à Brasília, que completou 64 anos, no último dia 21 de abril. Esta universidade foi criada sob a égide de Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro, contando ainda com o arquiteto modernista Oscar Niemeyer, que concebeu nossos prédios e jardins, que pensaram numa universidade autônoma, libertária, que deveria contribuir decisivamente para o desenvolvimento do país, a partir da excelência acadêmica da sua comunidade. Seus servidores deveriam trabalhar em problemas complexos, de forma multidisciplinar, trazendo soluções criativas e melhorando as condições do nosso povo, sobretudo daqueles com maiores carências. Seus pesquisadores deveriam estar integrados no mundo, trocando ideias, realizando colaborações, aprimorando e aprofundando seus conhecimentos com colegas de países não só do Hemisfério Norte, mas da América Latina e do Hemisfério Sul. É muito impressionante que ainda hoje, 62 anos depois, essas premissas da criação da UnB sigam sendo verdadeiras e atuais.

 

Nossa UnB vem colaborando decisivamente para o país, em centenas de projetos de pesquisa e desenvolvimento, de extensão, de inovação, em políticas públicas, em formação de profissionais em nível de pós-graduação, além, é claro, da própria formação sólida que vimos dando ao longo deste tempo, para os nossos estudantes de graduação.

 

Com todas as dificuldades encontradas pela Universidade, ao longo da história, de períodos de ditadura militar, de governos que vêm cortando recursos do ensino superior público em nível federal, de pandemia, de ataques de certos grupos sociais ao nosso trabalho e às nossas atividades, resistimos! Resistimos e temos resiliência, de forma corajosa e atenta ao contexto que vivemos.

 

Internamente, temos formas democráticas de decisão, em colegiados, com decisões tomadas após debates, feitos de forma transparente e ampla. Nas duas gestões da professora Márcia Abrahão e do professor Enrique Huelva, realizamos, em estreita colaboração com toda a comunidade da UnB – docentes, técnicos e estudantes, projetos estruturantes. Reafirmamos, todos juntos, a excelência acadêmica da UnB, o que pode ser visto em avanços nos rankings internacionais, muitos deles fazendo a coleta de dados de forma independente da Universidade, em avanços no ensino, ressaltando-se as melhoras expressivas de notas dos programas de pós-graduação, o debate sobre a reformulação dos Projetos Pedagógicos de Cursos (PPCs) da graduação e a curricularização da extensão, o aumento dos projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I) nas diversas unidades acadêmicas, a internalização da inovação, que nos inclui mais fortemente na sociedade, e contribui para o progresso econômico e social da região do Distrito Federal e Entorno.

 

Enfim, na gestão, seguimos e incentivamos na comunidade interna uma premissa da criação da UnB, que preconizava que suas atividades fossem realizadas de forma colaborativa, com forte interação entre pessoas de diferentes áreas do conhecimento e diferentes saberes. E essa colaboração deveria ainda ser inclusiva, afinal, estamos na América Latina. Isso foi traduzido, por exemplo, nas ações afirmativas e na criação da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), visando ampliar as conquistas dos grupos subrepresentados na Universidade (negros, indígenas, mulheres, PCDs, grupos LGBTQIA+). Todas essas ações não se esquecem que nossa população está cada dia mais carente e empobrecida, sobretudo, depois da pandemia e de governos que privilegiam as classes mais abastadas. Vemos isso todos os dias, com mais e mais pessoas vivendo nas ruas e pedindo comida, do nosso lado. É chocante, e nunca devemos perder a sensibilidade de olhar para o lado e ver o sofrimento do nosso povo. Temos obrigação de atuar institucionalmente para mitigar essas questões.

 

Neste contexto eu enxergo a UnB. E penso que todos nós, decanos e decanas que integramos esta gestão, assim como todos os demais que a integraram, desde 2016, na primeira gestão Márcia e Enrique, têm essa preocupação, de facilitar os caminhos, de trabalhar com dedicação e toda a nossa força, para que a UnB, de fato, contribua, usando sua excelência acadêmica, para tornar o Brasil menos injusto, menos desigual, mais sustentável, e nossa comunidade interna mais fraterna, mais respeitosa, mais colaborativa e mais produtiva, dentro de todas as nossas limitações orçamentárias e financeiras e, claro, de um mundo em rápida mutação.

 

Parabéns à UnB, pelo nosso relevante legado nestes 62 anos, pela nossa história passada, pelas nossas ações atuais! Que a nossa UnB siga sua vitoriosa atuação, sempre com o mesmo espírito dos nossos criadores, ao longo dos anos que virão!

 

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