OPINIÃO

Eduardo Ferreira Pereira é químico e servidor na Universidade de Brasília. Atualmente é coordenador na Coordenação de Gerenciamento de Resíduos (SeMA/CGR) vinculada à Secretaria de Meio Ambiente da UnB (SeMA).

Eduardo Ferreira Pereira

 

A data de 18 de junho ficou conhecida como Dia do Químico, porque em 1956 o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira assinou a Lei no 2.800, de 18 de junho de 1956. Lei essa, que cria os Conselhos Federal e Regionais de Química, dispõe sobre o exercício da profissão de químico no Brasil. A lei, também conhecida como a “Lei mater dos químicos”, é de grande importância, pois constituiu os conselhos responsáveis pelas bases da profissão e a fiscalização do seu exercício.

 

As origens da Química podem ser traçadas desde os povos mesopotâmicos, no desenvolvimento de ligas metálicas e na fabricação de porcelanatos, vidros, perfumes, medicamentos, corante e no uso de diversas outras substâncias químicas. Na Grécia, surgiu o pioneirismo no pensamento dos fenômenos naturais e da composição da matéria, com a introdução do conceito de átomo como a menor parte indivisível que comporia tudo que existe. Os alquimistas, durante a busca da pedra filosofal e do elixir da longa vida, descobriram e desenvolveram diversas técnicas laboratoriais e substâncias químicas. A transição como ciência moderna se dá quando da publicação de “The Sceptical Chymist”, onde Robert Boyle introduziu a distinção da Química e da Alquimia, e os experimentos de Antoine Lavoisier que culminaram na formulação da Lei da Conservação das Massas.

 

No Brasil, a Química se desenvolve a partir da instalação da indústria açucareira (séc. XVI) e a produção de seus derivados, açúcar e melaço, aguardente e etanol. José Bonifácio de Andrada e Silva é considerado o primeiro químico, com papel de relevância na área da mineralogia e com importante contribuição na descoberta do minério petalita, um silicato de alumínio e lítio, lítio que hoje é fundamental na fabricação de baterias para eletrônicos e carros elétricos. O ensino da Química se inicia na Real Academia Militar (1811), responsável pela formação de engenheiros, topógrafos e geólogos. O primeiro curso de Química surge em 1910, inicialmente em nível técnico, e em nível superior em 1915, com a criação da Escola Superior de Química da Escola Oswaldo Cruz.

 

Na UnB, a Química inicia atividades em 1962 sob coordenação do professor Dr. Otto Richard Gottlieb com a fundação do Instituto Central de Química (ICQ). O tempo transcorreu e em 1968 o ICQ se tornou o Departamento de Química e em 1998 veio a se tornar o atual Instituto de Química (IQ), onde são ministrados os cursos de graduação de Bacharelado, Licenciatura, Química Tecnológica e Engenharia Química. O IQ também participa de forma consorciada nas atividades do curso de Ciências Ambientais em conjunto com o Departamento de Economia, Centro de Desenvolvimento Sustentável e os Institutos de Ciências Biológicas e Geociências. Além da graduação, o IQ também abriga quatro programas de pós-graduação, que formam profissionais em nível de mestrado e doutorado com os mais diversos grupos de pesquisas atuando em áreas como meio ambiente, ciências forenses, desenvolvimento de novos materiais, desenvolvimento do ensino de química e outras áreas.

 

A Química é uma ciência de grande importância para a sociedade, impactando em áreas como a produção segura de alimentos ao atuar na obtenção de fertilizantes e defensivos agrícolas. A indústria farmacêutica e medicina necessitam da química para o desenvolvimento de medicamentos e desenvolvimento de tratamentos. A Química está nos processos de tratamentos para obtenção de água potável para consumo e na diminuição dos impactos ambientais através do tratamento dos resíduos gerados. A Química atua na transformação de recursos naturais em produtos úteis como plásticos, vidros, papel, fibras para vestuário e diversos outros produtos que encontramos em nosso dia a dia. A Química está presente nos processos naturais como fotossíntese e as reações biológicas que acontecem nos organismos vivos.

 

Pode-se observar que a Química faz interface com diversas outras ciências. Trabalhando para a Coordenação de Gerenciamento de Resíduos (SeMA/CGR), na gestão dos resíduos perigosos da Universidade de Brasília, já encontramos profissionais da Química nos mais diversos setores da universidade, atuando nas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Por isso tudo, parabéns a todos que foram aí alcançados “pelo longo braço do destino” da Química, ciência que remonta de tempos antigos e contribui de forma ímpar para expansão do nosso entendimento do mundo natural e suas conexões sociais, econômicas e ambientais.

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