OPINIÃO

Theresa Guedes é graduanda do curso de história na Universidade de Brasília. Participante do processo seletivo para pessoas idosas, o Vestibular UnB 60mais.

Theresa Guedes

 

Se você é jovem, não rejeitou o título deste artigo e chegou até aqui, vou lhe contar um segredo: sendo uma pessoa de muita sorte, mas muita sorte mesmo, irá envelhecer. E hoje, meu dia, o Dia do Idoso, gostaria de presenteá-lo com algumas dicas. Não são conselhos, mas dicas de quem já viveu o suficiente para saber.

 

Vamos lá: sabe aquele “copo meio cheio”? Tente vê-lo sempre assim, pois você terá tempo de enchê-lo até a borda, tenha certeza. Ame muito, estude muito, respeite todos, trabalhe o suficiente para se sustentar e provocar mudanças boas por aqui, seu planeta. Esqueça Marte, nascemos na Terra, é onde vivemos, é o lugar que devemos honrar porque nos dá tudo de que precisamos e ainda é lindo, é azul! Inclua a todos nesse seu projeto: natureza, crianças, adultos e idosos. E talvez o principal: não encha a mochila, a gente não leva nada daqui. É isso. Falar muito e me deter em minúcias fica desnecessário, ainda mais em um dia que é só meu. Mas quis dividir o presente. É bom compartilhar, é um tipo de jeito de ser feliz e deixar felicidade por onde a gente passa.

 

Agora me dirijo a meus pares, àqueles a quem o dia é dedicado: os idosos. Do alto de meus quase setenta anos, posso dar-lhes a principal dica, embora eu creia já saberem: celebre! Celebre a vida que lhe permitiu chegar até aqui e testemunhar um dia só seu. Comemore conquistas, vitórias e abrace. Aconchegue-se nos braços de quem está a seu lado hoje. Abrace filhos, se os teve, abrace sobrinhos, irmãos, amigos, vizinhos. Quando acordar, esqueça um pouco aquela dorzinha crônica e fique feliz por mais uma oportunidade de ver o sol (mesmo embaçado esses últimos dias). A visão está ruim? Celebre o cheiro do café, o toque do lençol e se proponha a, pelo menos hoje (diga isso todo dia), só hoje, ser feliz.

 

Se gosta de estudar, ler, vá fazê-lo, afinal, acordou muito cedo, por muitos anos, para trabalhar, nem sempre fazendo o que mais gostava. Há muitas instituições, inclusive a UnB, promovendo inclusão. Vá frequentar de novo as salas de aula cheias de burburinho e conhecimento. Tricota ou adora costurar? Engaje-se em projetos que auxiliam nichos carentes de nossa sociedade. Ama ajudar? Procure quem precisa, há muita gente necessitando de auxílio, do seu auxílio. Você ainda é muito importante para esse mundo, saiba disso. Esqueça o “idadismo”, um fenômeno que só agora tem nome, mas nos desafia há tanto tempo... Desafie-se primeiro! Provoque a mudança que a sociedade, ainda imatura, realiza devagar. Como diz um cartaz fixado aqui, às paredes da universidade, “Faça o que te dá medo”. Você vai encontrar o que veio procurar sem nem saber: um jeito próprio de ser feliz.

 

Parabéns a todos os idosos! Os de hoje e os de amanhã, porque viver muito é muito bom!

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