Maria Hosana Conceição
No dia 20 de setembro, a comunidade docente da Universidade de Brasília (UnB) recebeu importantes orientações referentes ao processo de progressão e promoção funcional, conforme Circular nº 25/2024 e o manual de implementação do Relatório Individual Docente (RID) no Sistema Integrado de Gestão Acadêmica (Sigaa). Esses documentos marcam uma mudança significativa na forma como as atividades docentes são avaliadas e registradas, introduzindo maior automação e integração de dados no processo de solicitação de progressão e promoção na carreira docente. O Relatório Individual Docente (RID) foi concebido como uma ferramenta que visa reunir, de forma automática, todas as atividades acadêmicas realizadas pelos docentes nos últimos quatro semestres. Por meio de uma integração com as plataformas Lattes e Sucupira, o sistema classifica as atividades em cinco categorias: Ensino e Desempenho Didático, Produção Intelectual, Pesquisa e Extensão, Gestão Acadêmica e Orientações. Essa automatização, que poderá substituir o atual Sistema de Acompanhamento de Desempenho Docente (SADD), oferece uma significativa economia de tempo aos professores, que anteriormente precisavam compilar, manualmente, uma boa parte dessas informações.
A equipe da Secretaria de Tecnologia da Informação (STI), após realizar extensivos testes no Sigaa, confirmou a possibilidade de recuperação dos dados referentes a semestres anteriores ao período de avaliação, oferecendo a opção de solicitar o Relatório Individual Docente para datas antigas. Essa nova funcionalidade oferece aos docentes uma visão mais completa de suas atividades, inclusive permitindo a recuperação de dados de aulas ministradas em semestres anteriores, o que amplia a utilidade do RID para a solicitação da progressão/promoção funcional múltipla. Esse é um direito fundamental dos professores, que, ao consolidarem suas atividades acadêmicas, podem atualizar os seus interstícios e garantir que nenhum período relevante de suas contribuições à instituição seja ignorado. O direito à progressão funcional múltipla possibilita, portanto, uma evolução justa e alinhada às regras da carreira docente, corrigindo possíveis defasagens acumuladas ao longo do tempo. Embora a automatização traga inegáveis benefícios, ela também demanda maior cuidado por parte dos docentes. É essencial que os professores verifiquem a exatidão dos dados importados e complementem, manualmente, as atividades que não forem registradas de forma automática, anexando os documentos comprobatórios exigidos. Nesse sentido, a equipe da STI também deverá aperfeiçoar o sistema para ampliar a automatização e minimizar o esforço manual necessário. Para os docentes que têm dados da carreira nas plataformas do SIGRA e o SIPPOS, a transição para o Sigaa e o novo RID pode apresentar dificuldades adicionais. Nesses casos, o sistema SADD permanecerá disponível para consulta de registros anteriores, oferecendo suporte ao processo de progressão para períodos passados.
Apesar dos avanços, ainda há espaço para melhorias. A ampliação das funcionalidades automáticas para incluir um número maior de atividades, como as relacionadas a orientações e atividades acadêmicas complementares, pode simplificar ainda mais o processo de progressão. Além disso, o reforço do suporte técnico nos primeiros meses de uso do RID será fundamental para garantir uma adaptação tranquila ao novo sistema e minimizar eventuais dificuldades técnicas. Outro aspecto importante refere-se ao treinamento contínuo dos docentes, especialmente aqueles que não estão familiarizados com o Sigaa, para que possam utilizar a plataforma de maneira eficiente e adequada.
A implementação do Relatório Individual Docente (RID) no Sigaa representa um avanço significativo na gestão acadêmica da UnB, sinalizando um compromisso com a redução da burocracia e a transparência no processo de progressão e promoção funcional docente. Ao automatizar a maior parte das atividades, o novo sistema oferece aos docentes uma maneira mais ágil e prática de consolidar suas realizações acadêmicas.
Contudo, o sucesso dessa mudança dependerá tanto da colaboração dos docentes em adaptar-se ao novo formato quanto do contínuo aprimoramento do sistema por parte da universidade, especialmente no que se refere à ampliação das funcionalidades e ao suporte técnico oferecido. Com esses ajustes, a UnB caminha para uma avaliação de desempenho docente mais eficiente, justa e transparente.
Mas como ficarão as comissões avaliadoras de progressão/promoção funcional com o uso do Sigaa? Uma questão relevante que surge com a implementação do Sigaa para o RID é como as comissões avaliadoras de progressão e promoção funcional lidarão com essa nova realidade. A automatização e padronização dos dados, por um lado, podem facilitar a análise e diminuir o trabalho de checar os dados, uma vez que grande parte das informações já estará compilada de maneira organizada e clara. Por outro lado, as comissões ainda terão a responsabilidade de verificar a integridade e a precisão desses dados, garantindo que todos os aspectos da atuação docente, especialmente aqueles que não são automaticamente registrados, sejam devidamente considerados.
Além disso, a atuação das comissões pode ser impactada pela agilidade do novo sistema, que, ao reduzir o tempo necessário para reunir e revisar informações, permitirá que os membros das comissões se concentrem mais na análise qualitativa das atividades acadêmicas. Resta saber, contudo, como a interação entre as Unidades Acadêmicas (UAs) e as comissões será ajustada para lidar com eventuais discrepâncias ou a necessidade de complementação de dados, especialmente no que diz respeito a atividades que não estão integralmente cobertas pelo Sigaa. O papel das comissões, portanto, poderá passar por uma reformulação, com maior foco na avaliação de mérito e na verificação final dos dados, minimizando o trabalho burocrático e, consequentemente, facilitando a emissão do parecer.
Referências
OPENAI. ChatGPT (GPT-4). Ferramenta de Assistência por Inteligência Artificial. Acesso em: 29 de setembro de 2024.
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