OPINIÃO

Luiz Guilherme Grossi Porto é professor da Faculdade de Educação Física na Universidade de Brasília. Um dos líderes do Grupo de Estudos em Fisiologia e Epidemiologia do Exercício e da Atividade Física (FEF/UnB) e membro Honorário do Celafiscs.

Luiz Guilherme Grossi Porto

 

Que a atividade física (AF) faz bem para a saúde, boa parte da população já sabe. O que muitos talvez não saibam é que, apesar dos esforços da comunidade científica, de importantes instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e de êxitos de programas bem conhecidos de promoção da atividade física como o Agita São Paulo, o Academia da Saúde e o Educação Física+, vivemos uma pandemia de inatividade física1. Cerca de 31% dos adultos no mundo são inativos. Casos as tendências de inatividade observadas entre 2010 e 2022 se mantenham, a meta proposta pela OMS, em 2010, de redução de 15% da inatividade física mundial até 2030 não será alcançada2.

 

Infelizmente, a região da América Latina e Caribe aparece com proporções mais elevadas de inatividade física, especialmente entre as mulheres. O que é ainda mais preocupante é que a inatividade física também é um problema de saúde pública entre crianças e adolescentes, e se associa negativamente com outras pandemias, como a de obesidade e a recente pandemia de covid-193. O desafio é enorme. Há muito trabalho a ser feito, demandando esforço intersetorial, ações amplas de promoção da saúde e de maior equidade.

 

Atento a essa questões, o Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs), que é uma instituição brasileira independente e com grande reconhecimento internacional, desenvolve ações de promoção da AF há exatos 50 anos. Neste mês de outubro, por ocasião das celebrações de seu Jubileu de Ouro, o Celafiscs ançará o livro O Desafio do Agito, voltado para a promoção da AF no público infantil. O livro é a mais recente produção de um Comitê reunido pelo Celafiscs, ainda em 2020, com a meta inicial de elaborar o Manifesto Internacional de Promoção da Atividade Física no Pós-Covid: urgência de uma chamada para a ação4, que conta com adesão de mais de 600 instituições nacionais e internacionais.

 

Este Comitê, formado por pesquisadores de diferentes regiões do país, no qual tenho a honra de representar a UnB, resolveu, frente à urgência de ações para a promoção da AF entre crianças, elaborar um livro voltado para este público. Sob a autoria principal do prof. dr. Bruno Gualano – USP, e colaboração de vários outros membros do referido Comitê, conseguimos concluir o livro a tempo de ser lançado oficialmente durante o 47º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte – Celafiscs 2024, a se realizar entre 10 e 12/10/24. A proposta foi de elaborar um livro para a faixa etária entre oito e dez anos, de acesso gratuito, viabilizando sua livre utilização em escolas públicas e em ações inclusivas de promoção da AF em crianças. O livro está disponível para download, podendo também ser impresso livremente, desde que sem fins comerciais, sem modificações e citada a fonte. Lembrem-se de que todo movimento conta e que qualquer atividade física é melhor que nenhuma5.

 

Referências

1. Kohl, H. W. et al. The pandemic of physical inactivity: global action for public health. The Lancet 380, 294–305 (2012).

2. Strain, T. et al. National, regional, and global trends in insufficient physical activity among adults from 2000 to 2022: a pooled analysis of 507 population-based surveys with 5·7 million participants. Lancet Glob Health 12, e1232–e1243 (2024).

3. Chaabna, K, et al. Effect of the COVID-19 pandemic on the proportion of physically active children and adults worldwide: A systematic review and meta-analysis. Frontiers in public health 10, (2022).

4. Celafiscs, Manifesto Internacional para a Promoção da Atividade Física no Pós-COVID-19: Urgência de uma Chamada para a Ação. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde 25, 1–5 (2020).

5. Guia de Atividade Física Para A População Brasileira — Português (Brasil).

 

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