Laudimar Alves de Oliveira e Solange Baraldi
Professor Honoris Causa pela UnB, em 2022, Randy Wayne Schekman, doutor em Biologia Celular, foi agraciado em 2013 com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, juntamente com James Rothman e Thomas Südhof. Suas descobertas trouxeram luz sobre como cada célula fabrica e exporta moléculas, através de vesículas, bem como os princípios que as governam e como são entregues no momento e local certo na célula.
Nascido em 1948, Minnesota USA, seu interesse pela ciência o levou a estudar biologia, concluída em 1971 na Universidade da Califórnia, na qual se dedicou aos estudos da enzimologia da replicação do DNA. Doutor em 1974 pela Universidade de Stanford, concluiu em seguida seu pós-doutorado na Universidade da Califórnia, em San Diego, tornando-se docente da mesma instituição no Departamento de Biologia Molecular e Celular agora em Berkeley, em 1976.
Suas contribuições sobre o sistema de transporte de proteínas em células, incluindo a identificação de genes que controlam a formação de vesículas intracelulares e os mecanismos que regulam a fusão dessas vesículas com a membrana celular, figuram como fonte inesgotável para a ciência. A aproximação dos ideais do Dr. Schekman com a Universidade de Brasília não se limita ao contexto científico. Sua visão humana para a real finalidade da ciência pode ser demonstrada pela dedicação ao estudo da doença de Parkinson após perder sua esposa de 44 anos para essa doença em 2017.
Convidado, tornou-se líder de grande linha de pesquisa, alinhando a ciência básica com a doença de Parkinson. O projeto conta com uma rede internacional de pesquisa colaborativa de 35 equipes, compreendendo 163 pesquisadores principais em 80 instituições em 14 países. Com o apoio da Sergey Brin Family Foundation, foram aplicados mais de $ 500 milhões em apenas três anos com o objetivo de entender as origens e os meios de progressão da doença.
A sensibilidade singular e a generosidade do laureado encontram-se registradas em diversas áreas do conhecimento. Na biotecnologia, assinala o professor Pedro Sudbrack Oliveira (FM), ao descrever sua importância na cerimônia de outorga do título de Honoris Causa na UnB, que os estudos de Sheckman causaram impacto enorme. Destacam-se, por exemplo, novas terapias para doenças neurodegenerativas, imunológicas e metabólicas, como Alzheimer, a esclerose múltipla, a doença de Parkinson e o diabetes. A professora Rita de Cassia Marqueti Durigan (FCTS) reforça esse entendimento ao asseverar que suas pesquisas possibilitaram melhor compreensão do desempenho muscular humano e recuperação pós-exercício e o grau de interferência na maquinaria intracelular.
No campo da botânica, a produção de plantas mais resistentes, pela síntese de proteínas transportadoras, pode ser ativada em resposta a sinais de patógenos. Essa perspectiva reduz a necessidade de pesticidas, melhora a produção de nutrientes e potencializa a condição global de segurança alimentar, desvelando fronteiras para um mundo melhor.
Professor Randy, inquieto sobre o alcance da ciência, nos convida a uma reflexão. Tornou-se incansável ao advogar a ampla difusão dos periódicos científicos e um crítico do sistema de publicação tradicional com altas taxas de assinatura. Com isso, nos alerta para divulgação de inúmeras pesquisas, fruto de projetos financiados por recursos públicos de diversas nações, porém com dificuldade de acesso aos resultados. Nesse contexto, fundou a revista de livre acesso eLife, patrocinada pelo HHMI, Wellcome Trust e Max Planck Society. A eLife se tornou grande sucesso e é hoje uma das publicações científicas mais respeitadas em todo o mundo.
Ao visitar a irretocável biografia desse cientista, rogamos que sua trajetória científica, bem como sua visão humana e sensibilidade sejam guias para nossos pesquisadores e nossa comunidade acadêmica. Celebremos este momento de inspiração para nossos experientes e jovens pesquisadores!
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