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Máquina-Hamlet
Máquina-Hamlet é uma peça em cinco cenas, que tensiona os cinco atos d’A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca, de William Shakespeare, com o contexto político vivenciado por seu autor, Heiner Müller. Nela, Hamlet, Ofélia e a atriz/ator que representa Hamlet, se desdobram em Gertrudes, Hamlet-pai, Polônios, Horácio, outras personagens da tragédia. Percebemos que os jogos entre a vida e o teatro presentes em Hamlet são motores eloquentes em Máquina-Hamlet: a Dinamarca decadente, assombrada pela traição, é encarnada pela Europa pós-guerras, desacreditada do futuro e das revoluções. Em Brasília, encarnamos um Brasil, assombrado pelo derrotismo do pós-golpe, animado, contudo, por vozes e gestos como os de Marielle, que ecoam Rosa Luxemburgo. Já, Hamlet, é um personagem ironicamente desencarnado, ausente: esteve em cena, não será mais representado e toda a sua existência se dá por meio da narrativa de seus feitos, ele é ausência e passado, é um fenômeno épico! Desistiu de ser. Ofélia, outrora sem voz e sem desejos no texto shakespeariano, deixa de se matar e encarna o grito persistente que rebela-se contra a subalternização, ela é ato, é presente! Assim, os diversos nuances entre o drama e o épico coabitam nosso Máquina-Hamlet, num vale-tudo na busca de sentidos nesse Brasil fraturado pela crença no fake.
Texto Teatral - Heiner Müller
Tradução de Referencia: Reinaldo Mestrinel
Elenco:
Alexandre El Afiouni
Maria Eduarda Lins
Gabriel Gouvêa
Adaptação e Encenação: Vocalidade & Cena
Direção de Atuação:
Sulian Vieira
Desenho de Luz:
Pedro Benevides
Operação de Luz:
Otávio Vilaronga
Raquel Rianele de Lima
Operação de Som:
Monique Vieira
