Nota Técnica 07/2024 Aumento nos casos de dengue


Diretoria de Atenção à Saúde da Comunidade Universitária 00:00 - 00:00:00 11/12/2024 - 31/01/2025

Nota Técnica nº 07/2024/2024/DAC/DASU/COAVS

 

A Dengue é hoje a mais importante arbovirose que afeta o homem, constituindo um sério problema de saúde pública no mundo, em especial nos países tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do principal mosquito transmissor. O Brasil registrou 6,5 milhões de casos prováveis de dengue até 7 de outubro de 2024, de acordo com o Ministério da Saúde. Para efeito de comparação, no mesmo período de 2023, foram registrados 1,3 milhão de casos prováveis da doença, com 1.179 mortes confirmadas ao longo do ano. O aumento de casos em 2024 é 400% maior em relação ao ano anterior. O Distrito Federal aparece em primeiro lugar com 9.876 para cada 100 mil habitantes, seguido por Minas, Paraná e São Paulo com 4.841.

 

Possuindo padrão sazonal, o aumento do número de casos e o risco para epidemias, principalmente é esperado entre os meses de outubro de um ano a maio do ano seguinte, coincidindo com a chegada do período chuvoso, onde a probabilidade de novos criadouros do mosquito transmissor aumenta, ativando o ciclo do Aedes aegypti. A temperatura elevada também contribui, acelerando o ciclo de vida do mosquito, encurtando o período de incubação em cinco a seis dias, em média. Com a maior incidência de chuvas nos primeiros meses do ano, os serviços encontram-se em alerta com os casos suspeitos de dengue e com possibilidade de aumento de casos graves e hospitalizações, em especial se não houver manejo clínico oportuno e adequado.

 

Preocupada com a declaração de epidemia de dengue no Distrito Federal e da incidência do número de casos na cidade e, em particular, na UnB, a Coordenação de Atenção e Vigilância em Saúde (CoAVS) participa desde fevereiro do Grupo de Trabalho constituído por Ato da Reitoria destinado a, no âmbito da Universidade de Brasília (UnB), coordenar ações e adotar medidas, discutindo e compartilhando informações de forma sistematizada, para o enfrentamento do surto de dengue no campus Darcy Ribeiro. O grupo tem trabalhado para controlar eventuais focos de proliferação do mosquito nos campi da UnB, bem como realizar ações concretas com a proposição de medidas de combate ao mosquito A partir dessas ações, desde junho está em andamento o Projeto de Extensão: Controle de Aedes aegypti na Universidade de Brasília usando Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs), em parceria com Secretaria de Meio Ambiente (SeMA), Prefeitura do Campus (PRC), Faculdade de Medicina e Faculdade de Ceilândia. Destaca-se que as EDLs estão distribuídas em todos os campi e dentre outras funções, monitoram a circulação do mosquito a fim de colaborar com as ações de controle do mosquito.

 

A CoAVS reforça desse modo, ações que a comunidade universitária deve adotar:

 

• utilização de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão;

• remoção de recipientes que possam se transformar em criadouros de mosquitos;

• vedação dos reservatórios e caixas de água;

• desobstrução de calhas, lajes e ralos;

• participação na fiscalização das ações de prevenção e controle da dengue executadas pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal.

 

A dengue é uma doença febril aguda, sistêmica e dinâmica, que pode apresentar amplo espectro clínico, podendo parte dos pacientes evoluir para formas graves, e inclusive levar a óbito. A quase totalidade dos óbitos por dengue é evitável e depende, na maioria das vezes, da qualidade da assistência prestada e organização da rede de serviços de saúde. Todo indivíduo que apresentar febre (39°C a 40°C) de início repentino e apresentar pelo menos duas das seguintes manifestações - dor de cabeça, prostração, dores musculares e/ou articulares e dor atrás dos olhos – deve procurar imediatamente um serviço de saúde, a fim de obter tratamento oportuno. No entanto, após o período febril deve-se ficar atento. Com o declínio da febre (entre 3° e o 7° dia do início da doença), sinais de alarme podem estar presentes e marcar o início da piora no indivíduo. Esses sinais indicam o extravasamento de plasma dos vasos sanguíneos e/ou hemorragias, sendo assim caracterizados:

 

• dor abdominal (dor na barriga) intensa e contínua;

• vômitos persistentes;

• acúmulo de líquidos em cavidades corporais (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico);

• hipotensão postural e/ou lipotímia;

• letargia e/ou irritabilidade;

• aumento do tamanho do fígado (hepatomegalia) > 2cm;

• sangramento de mucosa; e

• aumento progressivo do hematócrito.

 

Passada a fase crítica da dengue, o paciente entra na fase de recuperação. No entanto, a doença pode progredir para formas graves que estão associadas ao extravasamento grave de plasma, hemorragias severas ou comprometimento de grave de órgãos, que podem evoluir para o óbito do indivíduo.

 

Como a dengue é uma doença causada por vírus, não existe necessidade da realização de exames específicos para o tratamento da doença, já que é baseado nas manifestações clínicas apresentadas. O tratamento consiste em aliviar os sintomas, por meio da prescrição de antitérmicos, ingestão de líquidos e repouso. Em dezembro de 2023 a vacina contra dengue foi incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS). A inclusão da vacina é uma importante ferramenta no SUS para que a dengue seja classificada como mais uma doença imunoprevenível. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público de saúde. No entanto, o índice de adesão à vacina preocupa autoridades. A SES-DF alerta que 84,4% das crianças e dos adolescentes estão com o esquema vacinal incompleto. A meta é chegar aos 90%.

 

Embora exista a vacina contra a dengue, o controle do vetor Aedes aegypti é o principal método para a prevenção e controle para a dengue e outras arboviroses urbanas (como Chikungunya e Zika), seja pelo manejo integrado de vetores ou pela prevenção pessoal dentro dos domicílios. Para tanto, é necessário o engajamento da população.

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Dengue – Diagnóstico e Manejo Clínico: Adulto e criança - 6 ed. Brasília, 2024

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde de A a Z. Dengue. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/dengue [Acessado em 09 fev 2024]

BRASIL. Ministério da Saúde. Atualização de casos de arboviroses. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/aedes-aegypti/monitoramento-das-arboviroses [Acessado em 10 dez 2024]

DENGUE: governo e população destacam ações para combater o mosquito. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2024/10/6966450-dengue-governo-e-populacao-destacam-acoes-para-combater-o-mosquito.html

DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Saúde do Distrito Federal. SES-DF. Dengue. Disponível em: https://www.saude.df.gov.br/dengue [Acessado em 09 fev 2024]