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Nota Técnica 01/2025 Sarampo
Nota Técnica nº 01/2025/DAC/DASU/COAVS
Os casos confirmados de sarampo no Brasil nos primeiros meses de 2025 acenderam um alerta. Até a 9ª semana epidemiológica (23/02 – 01/03), o país já registrou 3 infecções: 2 casos no Rio de Janeiro e 1 importado em Brasília. O aumento se dá poucos meses depois de o Brasil ter recuperado, em novembro de 2024, o status de país livre do sarampo. Casos pontuais como esses não comprometem a certificação do país.
O Brasil chegou a receber o certificado de erradicação do sarampo pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), conquista aliada ao fortalecimento das campanhas de vacinação e vigilância de casos importados. No entanto, o país perdeu o título em 2019 após uma nova epidemia de mais de 20 mil casos. O motivo foi a queda da imunização, que saiu da faixa dos 90% para os 70% entre 2014 e 2018, e acabou tornando o país mais suscetível à disseminação da doença por meio de casos importados. Para se ter ideia do nível de contágio, um indivíduo infectado pode transmitir o vírus para 90% das pessoas próximas que não estejam imunes (BRASIL, 2025). No resto do mundo, o sarampo também continua sendo motivo de preocupação.
Globalmente, as taxas de vacinação contra o sarampo estagnaram, deixando quase 35 milhões de crianças sem proteção ou com proteção parcial, resultando em um aumento de 18% nos casos e de 43% nas mortes pela doença em relação ao ano anterior (OPAS, 2023). Nos últimos cinco anos, surtos de sarampo atingiram 103 países - onde vivem cerca de três quartos dos bebês do mundo. (OPAS, 2024) Apesar da alta na cobertura, em números absolutos, o Brasil ainda está entre os dez países com mais crianças não vacinadas, segundo a OMS (UNICEF, 2024). A baixa cobertura vacinal (80% ou menos) é um fator importante para o aparecimento de surtos, aumentando o risco de reintrodução de doenças que estavam sob controle ou praticamente erradicadas.
SINAIS E SINTOMAS
Os principais sintomas do sarampo são manchas vermelhas no corpo e febre alta (acima de 38,5°C), que podem ser acompanhados de tosse seca, irritação nos olhos, nariz escorrendo ou entupido e mal-estar intenso. O vírus é transmitido facilmente por gotículas ao tossir, espirrar ou falar.
As manchas vermelhas costumam aparecer três a cinco dias após a infecção, a princípio no rosto e atrás das orelhas, e depois se espalham pelo corpo. Um sinal de alerta que pode indicar gravidade é quando a febre persiste por mais de três dias após o aparecimento das manchas.
O sarampo é uma doença grave que pode deixar sequelas por toda a vida ou causar a morte. As principais complicações variam de acordo com as fases da vida do paciente, como:
• Crianças: pneumonia; infecções de ouvido; encefalite aguda (inflamação no encéfalo – parte do sistema nervoso dentro do crânio); morte.
• Adultos: pneumonia.
• Gestantes: parto prematuro; bebê com baixo peso.
TRATAMENTO
Como não existe um remédio específico para combater o sarampo, o tratamento é feito com base na melhora dos sintomas e na prevenção de complicações. As recomendações da OMS envolvem a suplementação com vitamina A, bem como manter-se bem hidratado e com uma alimentação saudável.
PREVENÇÃO
A vacinação é a principal forma de prevenção e essencial para evitar surtos da doença. A vacina é gratuita e está disponível nos postos de saúde do SUS. Todas as pessoas entre 12 meses e 59 anos de idade têm indicação para serem imunizados contra o sarampo, a depender da situação vacinal encontrada. Os tipos de vacinas
são:
• Dupla viral - Protege do vírus do sarampo e da rubéola. Pode ser utilizada para o bloqueio vacinal em situação de surto;
• Tríplice viral - Protege do vírus do sarampo, caxumba e rubéola;
• Tetra viral - Protege do vírus do sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora).
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
É função da Vigilância Epidemiológica monitorar surtos da doença. Após a notificação de um caso de sarampo, deve ser mapeado o território onde residem os infectados para que profissionais de saúde realizem a varredura para impedir a transmissão na vizinhança. Durante esse processo de varredura, a vigilância fornece orientações sobre a doença a todos os investigados.
Na UnB, a principal estratégia adotada para comunicação e vigilância dos casos será o e-mail do Núcleo Vigilância em Saúde - nvsaude@unb.br, onde toda a comunidade universitária, assim como os dirigentes dos órgãos da Universidade, poderá relatar casos suspeitos e/ou confirmados de infecção por sarampo. A partir de então, a equipe da CoAVS iniciará o monitoramento e seguimento dos casos.
A comunidade universitária também poderá buscar orientação ou esclarecimentos em um dos Núcleos de Atenção e Vigilância à Saúde (NAVS), localizados no ICC Sul do Campus Darcy Ribeiro, na Faculdade do Gama (FGA) e na Faculdade de Planaltina (FUP). A Faculdade de Ceilândia (FCE) deverá comunicar-se através do e-mail nvsaude@unb.br, já que não conta com equipe naquele campus. Enquanto missão, a CoAVS possui o papel de articular o fluxo de comunicação diária dos casos suspeitos de sarampo na Universidade de Brasília e colaborar com o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (CIEVS/SES/DF).
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.
Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde e Ambiente. Guia de vigilância em saúde: volume 1 – 6. ed. – Brasília. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/vigilancia/guia-devigilancia-em-saude-volume-1-6aedicao/view [Acesso em 28 mar 2025]
BRASIL. Ministério da Saúde. Situação epidemiológica. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sarampo/situacaoepidemiologica [Acesso em 28 mar 2025]
BRASIL. Ministério da Saúde. Sarampo: sintomas, prevenção, causas, complicações e tratamento. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/sarampo-sintomas-prevencao-causas-complicacoes-e-tratamento/#:~:text=As%20complica%C3%A7%C3%B5es%20bacterianas%20do%20sarampo,pa%C3%ADs%2C%20sendo%20gratuitas%20e%20seguras [Acesso em 28 mar 2025]
OPAS. Global measles threat continues to grow as another year passes with millions of children unvaccinated. 2023. Disponível em: https://www.who.int/news/item/1611-2023-global-measles-threat-continues-to-grow-as-another-year-passes-with-millions-of-children-unvaccinated [Acesso em 28 mar 2025]
OPAS. Níveis mundiais de imunização estagnaram em 2023, deixando muitas crianças desprotegidas. 2024. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/157-2024-niveis-mundiais-imunizacao-estagnaram-em-2023-deixando-muitas-criancas#:~:text=A%20baixa%20cobertura%20vacinal%20est%C3%A1%20causando%20surtos%20de%20sarampo,Os%20dados%20mostram&text=Em%202023%2C%20apenas%2083%25%20das,risco%20o%20mais%20r%C3%A1pido%20poss%C3%ADvel%22 [Acesso em 28 mar 2025]
UNICEF. Brasil avança na imunização infantil e sai da lista dos países com mais crianças não vacinadas no mundo, revelam UNICEF e OMS. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/brasil-avanca-na-imunizacao-infantil-e-sai-da-lista-dos-paises-com-mais [Acesso em 28 mar 2025]