Queridas(os) docentes, técnicas(os) e estudantes,
Como estão? Espero que vocês e seus entes queridos estejam seguros e com saúde.
As notícias nos chegam cada vez mais tristes e chocantes. O Brasil, lamentavelmente, quebra recordes de infecções e mortes pela covid-19. Dia após dia, tomamos conhecimento da partida de pessoas de nosso convívio ou do círculo de nossos amigos. Muitas dessas perdas são sentidas de perto pela comunidade universitária. Professores, técnicos, estudantes e terceirizados têm nos deixado. A pandemia nos rouba vidas e também a possibilidade de uma despedida completa, com o abraço que conforta.
Presto minha solidariedade a todos que estão enfrentando a doença ou vivendo um momento de luto. Sei que palavras não são capazes de aplacar a saudade e o sofrimento. Tenham a certeza, contudo, de que estamos juntos na superação deste período tão duro. Unidos, vamos lidando com as cicatrizes. Nossos queridos não serão esquecidos.
Sabemos que, por agora, sem medicamentos eficientes contra a covid-19, a medida mais eficaz para nossa proteção continua sendo o isolamento social, além da vacina. Trata-se de uma constatação baseada em dados, colhidos pela Organização Mundial da Saúde e cientistas de todo o mundo.
Nesta quinta-feira (8), após cuidadosa análise epidemiológica feita pelo Comitê Gestor do Plano de Contingência em Saúde da Covid-19 da UnB (Coes) e pelo Comitê de Operações Emergenciais (COE) do Hospital Universitário de Brasília (HUB), enviamos ofício – assinado por mim e pela diretora do HUB, Elza Noronha – ao Governo do Distrito Federal recomendando a adoção de um rígido lockdown, até que os indicadores permitam alguma flexibilização. De acordo com os números levantados pelos comitês, a taxa de transmissão da doença está em 1,31 no Distrito Federal. Ou seja, cada cem pessoas que contraem o coronavírus podem transmiti-lo para 131 pessoas. A tendência de desaceleração ocorre apenas quando esse indicador fica abaixo de 1.
Somente o isolamento social rigoroso – a exemplo do que foi feito em cidades como Londres e, no Brasil, em Araraquara – é capaz de frear a circulação do vírus. Com isso, reduziríamos a pressão sobre o sistema de saúde e veríamos a diminuição da curva de contágio.
Ao mesmo tempo, os esforços devem se concentrar na vacinação em massa da população, considerados os critérios de prioridade estabelecidos pela ciência. Até que isso ocorra, é urgente que as políticas públicas se voltem aos brasileiros em situação de maior vulnerabilidade socioeconômica.
É importante também que o país invista no estudo de medicamentos e novas vacinas. Os países que saíram na frente no desenvolvimento de vacinas são os que têm financiamento consolidado em ciência, tecnologia e inovação. O planejamento adequado de controle da crise demanda a realização de pesquisas locais, levando-se em conta as possíveis mutações do vírus. Estudos em outras áreas de conhecimento, associados aos impactos da pandemia, devem igualmente ser realizados.
Neste mês, celebramos o aniversário da Universidade de Brasília e de Brasília, em 21 de abril. É oportunidade para reconhecer a importância de nossa instituição no combate à crise. Nossa comunidade tem dado inúmeras provas de comprometimento com a solução deste grave problema, inclusive na linha de frente, no HUB.
Também temos sido fortes na realização das atividades cotidianas, após mais de um ano em que ensino, pesquisa, extensão e gestão passaram a ser realizados prioritariamente a partir de nossas casas. Agradeço o comprometimento e a dedicação de todos. Tenho absoluta convicção de que vamos vencer esse desafio inédito.
Minha homenagem a todos que nos deixaram. E honra aos que lutam, em nome da UnB.
Faço, por fim, um apelo: sigamos firmes, com confiança plena na ciência e tendo a certeza de que cuidar dos outros é ato de amor e esperança. Sempre de máscara e na distância precisa da generosidade.
Um abraço saudoso,
Márcia Abrahão
Reitora