COMUNIDADE

Objetivo é promover ações de combate ao preconceito e intolerância. Universidade já possui grupo de trabalho para discutir ações contra homofobia

Foto: LF Barcelos/Secom UnB


O Decanato de Assuntos Comunitários vai criar uma diretoria para tratar exclusivamente das questões de gênero e etnia. A nova área vai definir políticas de respeito à diversidade e prevenção à violência em consequência de cor e orientação sexual. “O principal objetivo é o combate ao preconceito”, afirma a decana de Assuntos Comunitários, Denise Bomtempo, que discute a criação da diretoria desde o final do ano passado como uma das mudanças que pretende implementar no Decanato. Segundo ela, a ideia é iniciar o mês de abril com a nova diretoria em funcionamento.

 

Denise Bomtempo explica que a área surge com o propósito de evitar e encaminhar casos como o da estudante do 5º semestre de Agronomia, agredida no estacionamento do Instituto Central de Ciências do campus Darcy Ribeiro, na última segunda-feira. “Queremos dispor de infraestrutura e recursos humanos especializados para tratar especificamente destes casos. Há um número significativo deles que vem sendo relatados e registrados, mas não basta gerar sindicâncias, punir. É preciso prevenir”, explica.

 

Segundo ocorrência registrada pela própria aluna na 2ª Delegacia de Polícia, ela teria sido atacada no final da tarde, quando se dirigia ao seu veículo, após aula. A estudante teria sido empurrada, chutada e chamada de “lésbica nojenta”. “É um caso gravíssimo e que repudiamos veementemente”, afirma a decana. “A questão do respeito à diversidade tem de ser tratada como política universitária. Estamos em uma instituição educadora, que tem como papel formar cidadãos éticos, mas não apenas para o exercício de uma profissão e sim em todos os campos da vida”, acredita.

 

HOMOFOBIA – A diretoria vai atuar ao lado de outras iniciativas já existentes, como o Grupo de Trabalho de Combate à Homofobia na UnB. Criado em 2012, o grupo tem 28 membros, entre alunos, professores e servidores. Propõe-se a se tornar um canal de demandas dos vários grupos e estabelecer ações conjuntas para se combater a violência à orientação sexual das pessoas. 

 

"A proposta não é ser um instrumento policial, mas fazer isso de forma pedagógica para que as pessoas possam respeitar a diversidade e que não se repitam casos como a agressão física a essa menina, nem a agressão verbal no CA de Direito", afirma o professor José Zuchiwschi, coordenador do GT. Segundo ele, o grupo está elaborando um guia de conscientização para ser distribuído na recepção aos calouros. "A ideia é trabalhar pela não-violência. As pessoas têm que estar conscientes da forma como tratam as outras. Muitos jovens não sabem como a homofobia pode se manifestar".

 

Zuchiwschi diz que o GT de Combate à Homofobia vai fazer um pedido formal à Reitoria para que apure a agressão à aluna de Agronomia, com o objetivo de identificar o responsável. "Isso está sendo muito divulgado pelos movimentos, porque isso está se tornando uma prática quase rotineira", afirma. Segundo ele, depois dos protestos contra as pichações no CA de Direito, um aluno do GT foi perseguido dentro do campus. "Há um perigo, as pessoas têm que ficar atentas, quanto mais exposição houver, mais haverá reação contrária".