Em entrevista, reitor Ivan Camargo analisa a greve dos técnico-administrativos da Universidade de Brasília. O dirigente ressalta que a administração superior respeita os direitos dos servidores e vai trabalhar para manter os estudantes em sala de aula e os serviços básicos da instituição.
O indicativo de greve foi aprovado em assembleia do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (SintFub) e faz parte da mobilização nacional pela recuperação salarial e valorização da categoria.
Como a administração superior recebe o indicativo de greve?
Reitor – É um momento muito difícil para a UnB, pois estamos no meio de uma transição estrutural. Funcionamos muitos anos com colaboradores com vínculo precário. Agora está ocorrendo a substituição por servidores do quadro. Isso faz com que aumente a responsabilidade desses servidores. São eles que irão tocar a instituição. Mesmo sendo um momento delicado para a Universidade, respeitamos o direito à greve. A administração vai manter o diálogo e as portas abertas para negociação.
Assim como há o direito de o servidor realizar a greve, há o direito de professores e estudantes terem acesso a serviços básicos da Universidade. Como isso pode ser conciliado?
Reitor – É fundamental ter isso em mente. A administração superior trabalha para manter os estudantes em sala de aula e os serviços básicos funcionando. Está vencida a discussão do livre ir e vir. Estamos numa universidade pública, todos têm direito de fazer greve, mas aqueles que não querem também têm o direito de trabalhar, entrar e sair dos prédios. Parece-me que essa é uma posição consensual inclusive com o sindicato. Espera-se que o direito do livre acesso seja mantido.
Qual a posição da administração quanto à pauta de reivindicações?
Reitor – A questão da pauta de reivindicações é bastante delicada, porque, na maior parte, não diz respeito a ações da Universidade. A maioria dos pontos é da alçada do governo federal ou depende de leis. Mas é o funcionamento da nossa universidade que é prejudicado. Respeitamos as reivindicações. Temos ciência da defasagem salarial. Isso se verifica na alta rotatividade de servidores. Estamos dispostos a discutir os pontos de pauta da alçada da Universidade de Brasília, sem abrir mão do mérito acadêmico nem da conformidade legal.