A Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Agrícola da China (CAU) assinaram um memorando de entendimento para a construção do Centro Brasil-China de Pesquisa, Desenvolvimento e Promoção de Tecnologia em Mecanização para Agricultura Familiar. O memorando foi assinado pela reitora Márcia Abrahão e pela diretora do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Mecanização Agrícola da China (CAU), Yang Minli. A atividade faz parte de um convênio maior, entre os países, China-Brasil de cooperação técnica e desenvolvimento industrial. O encontro ocorreu na terça-feira (19), no gabinete do ministro de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.
“Para a UnB, é uma honra estar aqui hoje envolvida neste grande acordo com a China, que é fundamental para a redução da pobreza no nosso país. Essa parceria com a Universidade Agrícola da China, muito além de uma parceria acadêmica, é um compromisso que a Universidade de Brasília também assume para o desenvolvimento da agricultura familiar no Brasil”, disse a reitora Márcia Abrahão.
Como presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Márcia Abrahão aproveitou a oportunidade para mencionar que esse acordo pode ser uma oportunidade para outras universidades também contribuírem para a redução da pobreza e combate à fome no país.
Yang Minli disse que a solução para a pesquisa e fabricação de máquinas para a agricultura familiar passa por áreas multidisciplinares, que entendam que precisam evoluir junto com as práticas agrícolas, que estão totalmente relacionadas com o tipo e o sistema de cultivo. Ela informou que em dezembro outra reunião deverá ocorrer com a Universidade de Brasília.
A reitora ressaltou a presença dos professores da Faculdade UnB Planaltina, que trabalham em parceria com movimentos sociais e participaram da reunião, Sergio Sauer, Luis Antônio Pasquetti e Caroline Siqueira Gomide – que também é pesquisadora visitante na Faculdade de Recursos e Ciências Ambientais da Universidade de Agricultura da China – e a pesquisadora Suzi Huff Theodoro. “Temos aqui diferentes especialistas em áreas agricultura familiar. Eu não poderia deixar de enaltecer a pesquisa sobre a utilização de pó de rocha juntamente com a Embrapa, que muito tem a contribuir para a redução do custo da agricultura no nosso país”, lembrou a reitora.
MECANIZAÇÃO – A comitiva chinesa estava composta por nove membros, entre eles o presidente do Conselho Universitário da CAU, Zhong Denghua. Ele contou que a China desenvolveu um banco de dados que mapeou a localização de um milhão de máquinas agrícolas para movimentá-las conforme a necessidade do país.
O ministro Paulo Teixeira explicou que a agricultura familiar é responsável por 70% das propriedades agrícolas do Brasil, cerca de 17% utilizam máquinas em suas produções. “Nosso grande desafio é aumentar a mecanização da agricultura familiar. Acredito que a China pode nos ajudar justamente com essas máquinas que o Brasil não produz. Nós queremos fazer uma parceria com a universidade e instituições de pesquisa, os movimentos sociais e a China”, disse. O governo brasileiro destina cerca de 20 bilhões de dólares para a agricultura familiar, grande parte desse valor é destinado para a mecanização.
O presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Celso Pansera, também esteve na reunião e explicou que a Finep irá participar de duas formas do programa: investindo em pesquisa e inovação de equipamentos; financiando empresas que vierem a produzir os resultados dessas pesquisas.
O secretário de Agricultura do Rio Grande do Norte, Alexandre Lima, contou que até o final do ano sete empresas chinesas irão levar 31 máquinas de pequeno porte para a região. Ele explicou que 50% da agricultura familiar do país está concentrada no Nordeste e pouco mais de 2% dos agricultores têm acesso à máquinas. “Será importante especialmente para jovens e mulheres. Estamos ansiosos”, disse.
O líder Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stédile, falou sobre a desigualdade e a fome que assolam o Brasil e defendeu a parceria com a China para ajudar a minimizar alguns desses problemas. “Acreditamos que é preciso produzir alimentos saudáveis, defender a natureza e adotar a agroecologia como conhecimento científico para produzir alimentos em escala. A cooperação da CAU com a UnB é a ponte que fará a transferência de tecnologia que precisamos para resolver os nossos problemas”, disse. Ele citou alguns acordos que estão em curso com a China, como a instalação da fábrica de fertilizantes orgânicos em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.