DEMOCRACIA

No dia em que a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 completa dois anos, administração superior reforça o papel da UnB com a promoção da verdade e a superação de desafios como as fake news

O comitê conta com a participação de pesquisadores de diversas áreas de conhecimento, além de representantes do DCE, do Sintfub e da ADUnB. Foto:Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

A Universidade de Brasília lançou, nesta quarta-feira (8), o Comitê de Enfrentamento à Desinformação, instituído pelo Ato da Reitoria nº 51/2025. A cerimônia ocorreu exatos dois anos depois da tentativa de golpe que ameaçou a estabilidade democrática do Brasil. A iniciativa reforça o compromisso da UnB com a promoção de informação qualificada e com a defesa da verdade, em especial no contexto digital contemporâneo. O evento ocorreu no Auditório da Reitoria, campus Darcy Ribeiro, Asa Norte.

 

>> Leia o ato de criação do Comitê de Enfrentamento à Desinformação

 

Composto por representantes de diversas unidades e áreas de conhecimento da UnB e entidades como a Associação dos Docentes da UnB (ADUnB), o Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE), o comitê tem missão de fomentar debates, pesquisas e ações no campo do ensino, da pesquisa e da extensão, além de apoiar a comunicação institucional e propor estratégias de letramento digital e educação midiática.

 

Presidente do comitê, a docente da Faculdade de Ciência da Informação (FCI/UnB) Elmira Simeão destacou que a iniciativa coloca a UnB na vanguarda entre as universidades públicas federais. “Mais do que garantir a integridade da informação científica e tecnológica, o comitê deverá tornar o enfrentamento à desinformação uma pauta da Universidade de Brasília. Acredito que esse ato pode ajudar a mobilizar outras universidades e instituições em uma ação integrada”, reforçou.

 

Elmira Simeão defendeu o letramento digital e a educação pela mídia para preparar profissionais e a comunidade para identificar e superar a desinformação e o discurso de ódio. "Especialmente, em temas como meio ambiente e sustentabilidade, hesitação vacinal, além de violência de gênero e populações vulneráveis", completou. 

A reitora Rozana Naves alertou que a desinformação tem sido usada constantemente em ataques contra a democracia. Foto:Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Para a reitora Rozana Naves, o campo da linguagem e da comunicação tem sido utilizado intensivamente para atacar a democracia e os avanços civilizatórios da sociedade. "Difundem-se o medo e a mentira que, no mundo conectado das redes sociais e no submundo da deep web – sob a tese da liberdade de expressão,  também falseada –, alcançam e subvertem, inclusive, as lentes escolarizadas", argumentou.

 

A reitora frisou que é "responsabilidade da universidade pública fomentar o pensamento crítico e enfrentar a desinformação, que fragiliza nossas instituições". "O ambiente institucional da UnB deve fortalecer a cultura do respeito às diferenças e do diálogo como caminho para lidar com as divergências", adicionou.

 

O vice-reitor Márcio Muniz alertou que a desinformação e as fake news apresentam risco para a justiça social e ambiental. 

 

De acordo com o ato de criação, o comitê deve se reunir mensalmente e, entre suas atribuições, está a elaboração do Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação, a ser submetido ao Conselho Universitário (Consuni) em até 180 dias. O documento vai contemplar temas como disseminação de informação de qualidade; identificação e contenção da desinformação; e educação para o uso consciente dos meios digitais.

 

PARTICIPANTES – Representando a ADUnB, a docente aposentada Maria Luiza Pinho (FE) avaliou que os professores precisam ter uma atuação que vá além do letramento digital. “Temos o papel de criar uma plataforma pública brasileira que possa garantir a soberania no espaço das informações”, disse. O representante do Sintfub, Maurício Sabino, garantiu total apoio da entidade ao comitê. E o representante do DCE, Maktus Fabiano, lembrou dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. “Que haja justiça, que haja memória e que não haja esquecimento em relação a todos os crimes que foram cometidos".

 

Convidado a participar do evento, o deputado distrital Gabriel Magno (PT) salientou que as redes sociais "precisam ser urgentemente regulamentadas". "Com informações correndo soltas, temos visto cada vez mais ataques à docência", afirmou, ao comentar a importância de ações, como a criação do comitê, para a educação pública e para a democracia.

 

TENTATIVA DE GOLPE – Em 8 de janeiro de 2023, extremistas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, expondo a gravidade do impacto da desinformação na sociedade. O uso de notícias falsas para manipular a opinião pública e incitar atos antidemocráticos tornou-se uma das principais ameaças à estabilidade política e social.

 

Diante desse cenário, o Comitê de Enfrentamento à Desinformação da UnB surge como uma resposta concreta e estruturada. “O lançamento deste comitê no dia 8 de janeiro é um ato de resistência e compromisso da UnB com a democracia", pontuou a reitora Rozana Naves.

 

Confira a íntegra do evento de lançamento Comitê de Enfrentamento à Desinformação da UnB, transmitido pela UnBTV: 

 

*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.

 

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