Entre os dias 6 e 10 deste mês, a UnB sediou o XXXI Seminário Nacional de Segurança das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) e Escolas Técnicas e Tecnológicas (EBTTS). Evento tem o objetivo de promover o debate a respeito da importância da profissão, além do papel da carreira em uma sociedade democrática.
Com o seminário, a Universidade reforça o compromisso com a formação cidadã dos funcionários e o empenho na adaptação em situações extremas. O evento aconteceu dias após um servidor da Diretoria de Segurança (DISEG⁄PRC⁄UnB) agir de forma violenta no campus Darcy Ribeiro. Em decorrência do episódio, o então diretor da Segurança foi exonerado do cargo.“Estamos tratando com o nosso núcleo de segurança na busca de novos cursos, no sentido de trazer novos conhecimentos, preparo, e, acima de tudo, valorizar cada um dos servidores. Treinamento feito não apenas com a atualização técnica, atualização de equipamentos, mas principalmente com a formação em direitos humanos que perpassa toda a atividade de segurança”, afirma o vice-reitor na UnB, Márcio Muniz.
“A segurança pedagógica compõe a nossa comunidade educativa. A vigilância autônoma, a vigilância terceirizada e o serviço de portaria, que ajudam a compor esse grande cenário de segurança, fazem parte dessa comunidade educativa em um processo de educação antirracista, livre de preconceitos, livre de assédios e voltada para os processos democráticos e para a soberania”, diz a reitora da UnB, Rozana Naves.
Os servidores técnico-administrativos da segurança e vigilância de entidades públicas buscam a valorização da carreira e defendem o concurso público. “Eu sou do último concurso da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o primeiro que admitiu mulheres em seu quadro para o cargo de vigilante. Esse concurso foi em 1988. Desde então, não mais teve nenhum concurso para a função”, pontua Roseni Lima.
O integrante do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) Roni Rodrigues afirma que “a terceirização que nós temos visto nas instituições trouxe o pessoal para cuidar exclusivamente do patrimônio, da segurança patrimonial e essa parte pedagógica de conhecimento das instituições de fato, o vigilante não tem”.
Além disso, Rodrigues destaca a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da reforma administrativa: “É uma terceirização irrestrita com cargos temporários. Se nós não tivermos essa mobilização e fizermos pressão contra essa PEC e todos os projetos de lei advindos, se nós não combatermos isso, possivelmente não vai ser só o cargo de vigilante que vai ser extinto”.
O vice-reitor Márcio Muniz declara que há uma dívida da democracia com a vigilância devido aos ataques que as instituições vêm sofrendo.“Existe uma radicalização e uma intolerância cada vez maiores. A dispersão de notícias falsas e tudo isso tem colocado em dúvida e em prova a nossa convivência democrática. Por isso, a segurança universitária passa a ter um papel mais fundamental do que nunca. A segurança que vai garantir que esse espaço continue sendo um espaço de diálogo, um espaço de liberdade, um espaço de respeito às diferenças”.
*Estagiária de Jornalismo na Secom/UnB
